Para dois, sobre um

Luan Oliveira
Revista Subjetiva
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2 min readOct 3, 2019
Intervenção sobre imagem de Carlos Alkmin // Bairro histórico do Jaraguá, Maceió-AL

Cheguei nessa cidade rodeada de mistérios,
O que é, o que faz, e a razão?
Olhei as ruas, senti o ar, banhei da luz
Entendi, senti, absolvi

A ti sinto um mistério
Senti, absolvi, desentendi
Que és? Que fazes?
Por que me beijas?

Insiste em sentir minha pele no escuro,
E se afasta do meu ser na luz
O inferno são os outros,
E o foram, te afastam de mim

Me apaixonei pelas ruas,
Me apaixonei pelas tuas curvas
Observo teu corpo com inveja
Nas ruas da cidade sou permitido transitar

Aguardo seu sinal em silêncio
Deitado, ofegante
Pela janela vejo a cidade, vibrante
Por dentro te vejo

E tu não te moves de ti

O mar que vimos
Não é tão revolto
Quanto revolto eu sou
Por ti

O frio que sentimos
Não é tão intenso
Quanto o do inverno
Que me perpassa

Olho para ti
Como quem olha
O tudo
O nada

Olho para mim
Como quem olha
A ti
Aonde

O que balança
Meus cabelos
É o vento
O meu ser é tu

O vento é invisível
Amorfo
Tu és belo
Visível, palatável

O vento é efêmero
Me pergunto
Se tu o é também
Ou se perduras

Meus cabelos
Não seguram o vento
E eu não seguro a ti
Efêmero és

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Luan Oliveira
Revista Subjetiva

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.