Tristan
Revista Subjetiva
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3 min readFeb 12, 2020

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Bong Joon-ho, diretor de Parasita durante a cerimônia do Oscar | Divulgação

Parasita e o reconhecimento do cinema internacional

#OscarSoWhite já é pauta da principal premiação cinematográfica do mundo há algum tempo, e por mais um ano não seria diferente. A discrepância absurda e descarada nas principais categorias desse ano, desde atuação à direção, passando também por algumas técnicas, foram apresentadas sem nenhum tipo de pano para encobrir a falta de representatividade da academia mais uma vez.

Tendo apenas uma indicação de Cynthia Erivo por Melhor Atriz Coadjuvante pelo seu papel em Harriet, além da indicação da mesma em Canção Original, como cantora, por Stund Up, a ausência de nomes diversos nas principais categorias foram notadas e as injustiças questionadas. Lupita Nyong’o e Jordan Peele, atriz e diretor do aclamado filme Us, são alguns dos principais casos. Representatividade negra na indústria esteve em falta, para não surpresa de muitos (prazer).

Mas nesse mesmo Oscar havia um filme. E havia um filme composto por uma produção e elenco inteiramente não-branco. Aclamado pela crítica e público, Parasita, do diretor Bong Joon-ho, é um filme de produção Sul-coreana que com um roteiro brilhante e cru e uma direção técnica um tanto sagaz, deixou seu marco ao levar 4 das principais estatuetas da premiação. Melhor Roteiro Original, Melhor Filme Internacional, Melhor Diretor e Melhor Filme, foram o que bastaram pra Joon-ho e seu elenco entrarem pra história da premiação americana. Um feito e tanto na globalização da fadada indústria hollywoodiana composta predominantemente por homens brancos. A reação do diretor Joon-ho ao receber os prêmios, o seu discurso (falado em coreano), são bem mais que uma sensação de trabalho cumprido e reconhecimento. É saber que está de igual pra igual fazendo do cinema a sua linguagem universal, sem barreiras.

Parasita se torna o primeiro filme de língua não inglesa da história a ganhar a principal categoria da noite, além de ser o primeiro filme da Coréia do Sul premiado pela Academia. Um mérito de Bong Joon-ho e do cinema sul-coreano. Uma jogada de marketing da premiação em meio a tantas críticas? Não deixa de ser uma hipótese. Mas o peso que esse título carrega e a representatividade não-branca que ele abrange, trazendo uma brecha para que cada vez mais o cinema global se adentre por Hollywood, já é um excelente começo digno de aplausos.

Imagem: Divulgação

Assistir Parasita é se (re)encontrar com a realidade e condição socio-econômica em que vivemos. É refletir politicamente, é se questionar. Vale as duas horas de filme, vale contemplar o cinema não-hollywoodiano.

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Tristan
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Distribuição gratuita de mágoas, receios e frustrações. E talvez um quê de ironia da vida.