PARE DE LEVAR IDIOTAS À FAMA

Luiz de Souza
Revista Subjetiva
Published in
5 min readApr 30, 2018
Na foto, algo como “PARE DE LEVAR IDIOTAS À FAMA” / Foto: Reprodução (Google)

Todos nós temos os nossos guilty pleasures, e isso é um fato. Mas é importante que a gente deixe eles bem guardadinhos, em várias ocasiões; e o motivo não é a vergonha que eles podem nos trazer.

Se você passou dos 16 anos muito provavelmente já conseguiu aprender que todas as suas ações possuem um peso e uma implicação nessa terceira dimensão onde a gente vive. Especialmente na Terra.

“Toda ação tem uma reação.”

Não sei se Newton pensou no peso dessa frase diante de ações que estão mais relacionadas ao campo do social, mas pode crer: é real.

E eu começo falando disso pra dar força ao meu argumento de que nós estamos apoiando pessoas estúpidas e dando fama a gente babaca, mesmo em atos muito pequenos ou visto como irrelevantes.

Eu vim aqui pra trazer uma breve reflexão.

Eu vim aqui pra dizer que sua mãe não está tão errada quando solta um “me diga com quem andas que eu te direi quem és”. O ditado precisa de uma leve atualização, é claro.

Aquele like inofensivo no Instagram. Aquele play bem de leve na música do Spotify. Aquela visualização inofensiva no YouTube. Tudo isso implica em algo de grande relevância quando você para pra pensar que milhões de pessoas estão fazendo a mesma coisa.

“Johnny Depp é um escroto que bateu na ex-mulher? É. Mas caralho, Piratas do Caribe é muito bom!”,

e daí parte pro cinema mesmo e foda-se.

“Taylor Swift tá super apoiando o discurso de ódio em Look What You Make Me Do. Mas eu vou dar um play rápido aqui no Spotify, porque sim”.

“Meu Deus! Woody Allen foi acusado pela filha adotiva de ter abusado dela, e a menina ainda solta um ‘cada vez que eu via o rosto do meu agressor em um cartaz ou em uma camiseta ou na televisão, eu só podia esconder o meu pânico até encontrar um lugar onde pudesse ficar sozinha e desmoronar’. ISSO É PESADÍSSIMO, é claro. Mas o cara ainda assim é bom no que faz, né? Então eu vou dar um like aqui na página dele só pra ficar sabendo do filme do ano que vem, porque…”

As três situações não são só muito possíveis como acontecem frequentemente. Talvez de uma forma bem amena. É que eu gosto de ser caricato, as vezes.

A gente sabe dos podres de um monte de gente, e ainda assim estamos super nem aí, em vários momentos. Pensamos que as pequenas coisas não causam impacto, mas acredite, seu pensamento positivo ainda não tem força suficiente pra evitar que existam pessoas más no mundo. Mas não me leve a mal, eu até gostaria que tivesse.

A grande questão é que essas pequenas atitudes geram impacto justamente porque não somos só eu ou você que encaramos dessa forma. O grande porque se encontra em saber que todo mundo segue com esse pensamento.

O que aquela professora chata de ciências vivia falando pra você no ensino fundamental faz todo sentido, aqui: quando a enchente rolar, tenha certeza que o seu papelzinho de trident, bem pequenininho, vai ter contribuído de alguma forma para aquilo está acontecendo.

Você aplaudiria um estuprador qualquer?

Você aplaudiria um agressor que encontrasse na rua, e que fosse, sei lá, um faxineiro; ou o dono de um mercadinho; ou um pedreiro?

Então porque você faz isso (ainda que de forma indireta), quando ele é um artista — ou só uma celebridade, mesmo?

O fato de encontrarmos beleza na arte que foi produzida por alguém que cometeu um crime não é um problema e não faz de nós um cúmplice, se pensarmos bem. Mas o ato de demonstrar apreciação gera um efeito que pode vir a funcionar como benefício para alguém.

Aquele play que você deu na música de MC Biel gerou uma renda. Ainda que tenha sido 0,000000000001 centavos. Essa renda que você gerou vai se somar a outros 0,000000000001 centavos. E daí teremos um total de exatos: 0,000000000002 centavos. E até aí tudo bem, né, convenhamos. Mas chega um momento que o cara vai ter um clipe com 116 milhões de visualizações no YouTube, shows em todo país e uns bons muitos dinheiros na conta, e aquele seu play inofensivo vai ter colaborado, sim, para que isso tivesse acontecido.

Minha sugestão é simples: tudo bem se você quiser manter seus guilty pleasures.

[Até porque, quem sou eu pra falar alguma coisa quando eu escuto Cruel Youth (projeto criado por Natália Kills, que humilhou um garoto em rede nacional, na Nova Zelândia, dá um Google), não é mesmo?]

Mas busque formas de impactar menos, se possível, como por exemplo:

· Baixar um filme com um ator ou diretor problemáticos, ao invés de pagar por ele num cinema ou assistí-lo na Netflix, por exemplo.

· Fazer o download de um álbum ou uma música de um cantor (desnecessário, mas que tem um trabalho que te agrada,) ao invés de dar dinheiro pra ele através de serviços de streaming ou da compra de álbuns e singles, por exemplo.

· Baixar um vídeo do youtube, ao invés de dar visualizações praquele cara que é um grande babaca, mas que te faz chorar de rir.

E por aí vai.

Eu acredito muito na sua criatividade pra fazer o bem.

Não dá um like pra eles não. Dá um like pra mim.

Eu sou legal pra caramba, JURO.

Quase formado em Letras pela UFRPE. Alguém com licença poética pra escrever errado as coisas certas — do jeito certo.

Alterno entre escrever microcontos e falar bobagem, no Twitter: twitter.com/agorasouluiz

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Quase formado em Letras pela UFRPE, o autor deste texto acredita que será um escritor decente em menos de três vidas.

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Luiz de Souza
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Formado em Letras pela UFRPE. Alguém com licença poética pra escrever errado as coisas certas — do jeito certo. Atualizações twitter.com/agorasouluiz.