Por quem os sinos tocam em Skypiea?
Finalmente chegamos em Skypiea, em busca do sino dourado. Isto é, se você acreditar mesmo que exista um grande sino dourado escondido em uma ilha que fica lá no céu.
O céu não é o limite para os nossos sonhos, não é mesmo?
Essa ilha misteriosa não traz consigo somente a crença da sua existência. Sua subida só se faz possível a partir do momento em que é preciso aceitar que seus sonhos serão questionados e que, talvez, se torne um fardo sonhar no meio de tanto ceticismo.
O céu nunca foi o limite para quem sonha. Mas porque, ao chegar aos céus, o sino precisa ser tocado?
Pra gente tentar entender, trago o trecho de uma poesia muito foda que só descobri por conta do livro Por quem os sinos dobram, do pugilista Ernest Hemingway.
A poesia vem de Meditação XVII do poeta John Donne, que escreveu:
“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo (…) a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
Mano, toda vez que leio o último trecho “não perguntes pro quem os sinos dobram, eles dobram por ti”, chego a arrepiar por conta da primeira pista do badalar dos sinos.
Eles devem ser tocados por nós para nós. Tem também uma frase Emicida que não sai da minha cabeça e me lembra muito esse momento. Ele diz que:
“As pessoas são como palavras, só fazem sentido se junto das outras”
Em um passado bem distante, Mont Blanc Norland e sua tripulação sobreviveram a uma tempestade quando o mesmo escutou o badalar de um sino proveniente de Shandia, uma terra que mudaria a sua vida e que ele mudaria a vida dela também.
O Grande Guerreiro Calgara prometeu tocar o sino todos os dias para guiar seu grande amigo quando o mesmo retornasse a Shandia. Ali era a celebração de uma amizade que nasceu e se fortaleceu em meio à doenças e tradições.
Já em nosso presente, Mont Blanc Criket sonhava com o soar dos sinos para as correntes de quatrocentos anos com o passado fossem quebradas. Wiper precisava soar o sino para despertar a chama do seu povo e assim reestabelecer a terra que foi tomada do seu povo há séculos.
Gan Fall, no melhor estilo Don Quixote, acreditava na existência de uma canção que terminaria com todas as guerras, corrigindo as escolhas desastrosas dos deuses antigos da sua terra.
Não pude deixar de acompanhar os Chapéus de Palha sem lembrar da canção do Raul (toca Raul!), Por quem os sinos tocam:
Nunca se vence uma guerra lutando sozinho, você sabe que a gente precisa entrar em contato. Com toda essa força contida é que vive guardada, o eco de suas palavras não repercutem em nada.
É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro. Evita o aperto de mão de um possível aliado. Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo, sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo.
Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz. Coragem, coragem, eu sei que você pode mais.
O sino foi tocado em Skypiea e libertou a tudo e a todos.
Quando Luffy grita no céu, pedindo que Criket escute o sino e se livre dos fardos que carregavam contigo, tendo sua imagem pintada nas nuvens, seu badalar fez sentido e finalmente pude entender por quem os sinos dobram.
Dobramos os sinos por nós e, para isso, se faz necessário termos coragem em sonhar, mesmo sonhando em meio a tanto ceticismo e pessimismo.
Nem o céu, e muito menos Skypiea é o limite.
Tô ligado que podemos mais e espero que você também saiba e badale, sempre que for preciso, os sinos por nós.