Imagem: Rápido no Ar

Por todas as vezes em que não me quis assim ser.

Por todas as vezes em que, em mim, fiz descrer a possibilidade de, um dia, dar um sorriso novo.

S. Paiva
Published in
2 min readSep 10, 2018

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Por todas as vezes em que, eu, em minha ansiedade, achei que não caberia em mim de agonia.

Aquelas tantas vezes em que, numa noite solitária, na mera companhia de sonhos que ainda não se realizaram, e de compromissos a fazer, nem vontade de me levantar eu tinha, quando o sol, outrora, se avizinha.

Por todas as vezes em que me constituí verme inútil, ou, que, em pouco tempo, viria a ser carne podre e matéria-prima, combustível do crescimento de plantas e transformações compostas do solo. Pensei que fosse morrer.

Pensei que tivesse dias, e pessoas, e momentos aos quais não conseguiria sobreviver.

Pensei que me faltaria o ar, e a notícia do dia seguinte fosse a do perecer.

Pensei que fosse me faltar capacidade de trabalhar em conjunto com outras pessoas. O medo da falha já me paralisou muito.

Pensava ser falha e que, assim, era julgada por outrem.

Pensava ser a filha indesejada, a namorada de estepe e a amiga de conveniência. Não acreditava que ninguém realmente gostasse de mim.

Mas, isto, é porque nem eu gostava de mim mesma. Logo, quem iria gostar de mim se eu nem mesmo gostava?

Passaram-se dias. Depois, meses. Me permiti ser assim e deixei de me julgar. Fui atrás de me conhecer e foi me conhecendo, que eu me permiti ser quem eu era.

Foi vislumbrando meus problemas, desvencilhando traumas e comparações, que me achei, dentro de mim, de novo.

E de novo. A cada dia. Num lento e gradual processo de amor próprio.

Não fosse isso e não fossem as pessoas maravilhosas de quem julguei terem falso afeto por mim, talvez eu não estivesse aqui.

Deixei de me sentir estrume. Passei a me sentir flor: delicada e com intenso perfume; de interesses e papeis amiúde. Que me faziam ser, especialmente, quem eu era.

E, afinal de contas, eu sempre fui.

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S. Paiva
Revista Subjetiva

Escritora de porta de terapeuta | Filha do meio, millenial, potterhead e casada com o cara de TI