Quanto de você há no que você faz?

Sobre identidade, segurança e vulnerabilidade

Eliel Oliveira
Revista Subjetiva
3 min readOct 23, 2020

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Acervo pessoal

Você já se perguntou se algum comportamento seu ou algo que você faz com muita frequência nasceu com você ou foi um padrão aprendido e reproduzido ao longo da vida por algum motivo? Você sabe o quanto isso impacta na sua noção de identidade? Muito do que você pensa que é pode não ser quem você é por natureza.

Em certos momentos, temos uma tendência à tomar atitudes que nos parecem convenientes, ou que nos deixarão com a sensação de segurança. Afinal, esse é um dos nossos maiores objetivos na vida: nos sentir seguros (não é?). Por isso evitamos algumas pessoas, lugares e situações. Não queremos nos expor ou ser julgados pelo outro.

Mas a questão é: até que ponto essa segurança é benéfica para nós? Quão autêntico você estará sendo ao priorizá-la na sua vida pessoal e profissional? Do que você vai estar abrindo mão? Vale a pena?

Naturalmente, nós fomos feitos para evitar o perigo, e fugir de situações que possam nos desconfortar ou nos “ridicularizar”. Durante o processo evolutivo do homem, isso foi um fator crucial para protegê-lo da morte por um animal selvagem, por exemplo. Porém, apesar de não vivermos mais em selvas hoje em dia, nós ainda tememos a vulnerabilidade. E muito. Ainda mais com as redes sociais. Queremos sempre mostrar o lado bom ou bonito das nossas vidas (os highlights da vida pessoal e/ou profissional), como se nada de ruim jamais acontecesse conosco.

Porém, cada um de nós tem um histórico ou trajetória de vida diferente. Apesar de algumas similaridades, ninguém passou exatamente pelas mesmas experiências que o outro. Por isso, nem todo mundo criou para si uma barreira de proteção contra os “perigos” do dia a dia. Já reparou que alguns usuários de redes sociais evitam postar selfies mais do que os outros? O medo do feedback negativo (que pode ter sido desencadeado principalmente se a pessoa já foi ridicularizada, ou já passou por situações de bullying em algum momento da vida) causa tanta insegurança que a pessoa se torna uma vítima do que o outro pensa dela, o que é muito preocupante.

Outros eventos traumáticos (de pequena ou grande dimensão) levam as pessoas a criarem bloqueios e as impedirem de progredir. Você já se sentiu assim? Você quer muito fazer algo que sabe que vai te fazer bem, mas algo te impede de dar o primeiro passo. São os padrões que tentam te limitar, e que não estão necessariamente te protegendo do perigo ou do “ridículo”. Eles estão apenas reproduzindo a sensação de impotência e insegurança que sempre acompanhou você durante os momentos de vulnerabilidade e exposição.

Mas ser quem você é e abraçar essa pessoa exige que você enxergue além do julgamento, da ridicularização ou da ofensa. Não é fácil ignorá-los, mas enfrentá-los e saber que a sua autenticidade não tem preço faz toda a diferença. Você precisa dela para evoluir.

Isso é libertador. Pois as suas escolhas estarão alinhadas aos seus valores mais intrínsecos, e a sua vida ganhará maior sentido a partir do momento em que você entender que algo é mais importante do que simplesmente se sentir seguro. A vulnerabilidade pode doer no começo, mas algum tempo depois ela se torna a sua arma mais poderosa.

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