Rebobine antes de ler
Este texto foi escrito ao som de The Lumineers — The Ballad Of Cleopatra
Pela janela vejo a chuva cair e nela o reflexo invisível de um rolo de negativos e fitas VHS. O quarto rotaciona. Coleciono memórias assim como folhas de fichário e diários borrados, risquinhos desbotados em uma imensidão.
A sutil arte de guardar-se a si e a ti, dentro de infinitos possíveis e materiais aspectos: uma câmera fotográfica. A falta inexata e a sutileza analógica análoga me fazem repensar distopicamente o princípio e início comunal.
Se me falam que escrevo difícil é porque sinto e tento aplicar ao que acredito pelo que acredito mesmo não chegando ao destino final. Apesar de achar que sempre…
Sigamos então. Desenhos em penumbra coroam riscos e traços em desajuste perfeição. Reprodução. Se te peço ouvidos é porque preciso de colo. Olhares tocam também. Opiniões são um delineamento inexato mas que de fato desafogam o cerne. Toca. Sigamos outra vez.
Carrego comigo todos os quebrados e colecionados durante esse tempo e pergunto se algum dia isso mudará. Não obtenho resposta. Enquanto isso, bebo chá, um biscoito de nata e uma manta xadrez em grande varanda. Acho que é bem aqui, neste ponto, que uma saudade é criada. Um respingo de vivência, um lapso em cena, algo palatável o suficiente para ser retratado e gravado na humana mente humana.
Ninguém sabe quando uma vivência vira memória. Minha janela possui azulejos.
Reproduza. Open your eyes.