Reflexões sobre a morte e a escrita

Stefani Del Rio
Revista Subjetiva
Published in
2 min readJul 6, 2020
Photo by Pereanu Sebastian on Unsplash

Carlos Ruiz Zafón, escritor do best seller A Sombra do Vento, faleceu há algumas semanas. Como grande admiradora de sua obra, naturalmente fiquei triste. Partir é da natureza humana, claro, e não há como fugir. Mas fiquei melancólica principalmente pensando em quantos livros e histórias um escritor leva consigo para o caixão. A morte de um escritor é também a morte de um universo de possibilidades literárias, personagens e histórias cativantes que nós nunca iremos ler.

Em retrospectiva, Zafón me fascinou com sua escrita lá na minha adolescência, com seu mundo real e fantástico ao mesmo tempo, marcado por personagens extremamente solitários e complexos. Na época eu ainda não entendia a solidão e achava quase caricato. Hoje eu enfrento a amarga verdade que a maioria das pessoas são extremamente solitárias, tendo elas consciência disso ou não.

Eu comecei a refletir sobre o papel do escritor no mundo, principalmente os que, assim como eu, engatinham os primeiros passos na literatura. Quando deixamos de escrever uma história, seja por medo, insegurança, procrastinação ou o que for, uma narrativa se perde, personagens incríveis nunca serão lidos e páginas inteiras desaparecem, fadadas ao esquecimento em nosso próprio Cemitério de Livros. E eu não consigo deixar de ficar triste, pensando em quantas histórias boas nunca viram a superfície apenas porque nós não acreditamos sermos o suficiente. Além de ser um grande egoísmo tornar uma obra para si, sem deixar que ela cresça sozinha e torne seu próprio caminho.

Usando uma frase do próprio Zafón que eu gosto muito:

“ Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte. “

Os escritores que partem levam algumas histórias que nunca serão escritas, mas todos eles inspiraram e inspiram novas histórias, que serão marcados pra sempre em nossa memória e em nossa pena. A alma de um escritor vive para sempre.

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