Romântico Realista: o pior tipo

A gente sabe que vai doer, mas vai lá e faz mesmo assim

Ana Clara Barbosa
Revista Subjetiva
3 min readNov 16, 2018

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Quando eu era mais nova, vivia falando que não queria namorar, que queria um rolo bem complicado, daqueles que todo mundo torce para o casal ficar junto, mas eles nunca ficam, por conta dos acasos da vida. Eu me arrependi tremendamente desta frase depois que tive o primeiro rolinho difícil. Mas não foi suficiente, parece que a vida se prendeu a essa vontade de uma menina de 13 anos e até hoje acredita que comigo tem que ser assim.

A verdade é que eu nunca fui do tipo que gosta dos finais felizes. Meus filmes de romance preferidos são aqueles que o casal não acaba junto, porque, no fundo, eu penso que a vida é assim. Não é que eu não acredite que amor existe — eu acredito muito — mas eu tenho consciência plena que às vezes nem tudo dá certo para sempre, entende? Eu gosto do complicado, do difícil, do friozinho na barriga, de não saber o que vai acontecer depois. Monotonia me dá tédio.

Por isso eu acho que sou uma romântica realista, daquelas que sabem que vai sofrer, vai chorar, vai doer e, mesmo assim, vai lá e faz, porque acredita que aquela sensação do coração sair pela boca vale a pena. A mão suando frio, a perna tremendo, a cabeça dando mil voltas. Eu gosto de sentir tudo isso, mesmo sabendo que eu posso — e muito provavelmente vou — ficar mal depois. Gosto de colocar aquela música que lembra a fulano e ficar imaginando se, daqui 10 anos, nós ainda vamos viver esta história. Gosto de não saber o que vai acontecer depois e ficar imaginando as mil possibilidades quando deito a cabeça no travesseiro. Gosto de acordar no meio da noite e ver se tem uma mensagem apaixonada no celular, e gosto de ficar triste quando eu vejo que não tem.

Eu aprecio até aquelas brigas intensas, que a gente jura que nunca mais vai olhar um na cara do outro, mas que se resolvem cinco minutos depois. Não tem problema ir, voltar, ficar junto, discutir, desentender, entender de novo. Romance do tipo se conhece, fica junto, casa, tem filhos e é feliz para sempre não combina comigo. Eu sei que existe um caminho longo e árduo no meio da trajetória, e eu amo vivencia-lo, até nas fases que não são tão fáceis assim. Eu parto do princípio que tudo que é muito fácil perde a graça uma hora, entende?

E esse meu tipinho é o pior do que o romântico otimista, que tenta por ter a esperança que no final tudo vai dar certo. Eu não sou assim. Sei que as coisas acabam e que isso dói, mas eu aceito o sofrimento por causa de 5 minutos de felicidade. Eu vou lá e me jogo, faço, ignoro toda minha racionalidade. Depois eu penso nas consequências e, quando elas chegam, eu curto. Curto o momento da fossa, da tristeza, do drama. É como se eu tivesse prazer em falar que tô sofrendo por amor. Como se toda a dificuldade transformasse a história em algo muito mais interessante, muito mais digna de ser contada por aí, sabe?

Acho que eu prefiro a desilusão do que o vazio. Prefiro um amor complicado do que amor nenhum. Prefiro ter alguém para pensar quando eu acordo, do que me dar conta que, de fato, tô sozinha. Esse mundão já é muito triste, vazio e sem sentido, eu prefiro me apegar a uma dose de sentimento, seja ele qual for. É bom sentir algo. Torpor é um estado que eu não sei lidar.

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