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Se cheguei aonde estou é porque eu mereci

Leonardo Fuita
Revista Subjetiva
Published in
3 min readFeb 22, 2022

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Alguns temas tem me interessado mais ultimamente. E um deles é a famosa meritocracia e principalmente o porque as pessoas ainda acreditam nela como uma filosofia válida. Por isso, comecei a ler um livro de Michael J Sandel chamado de A Tirania do Mérito sobre esse tema. Onde ele vai destrinchando os motivos pelos quais esse tipo de questão foi se tornando tão central nas nossas vidas e, ao mesmo tempo, nos mostrando que talvez ela não seja tão legal assim.

São várias as coisas que podem ser discutidas sobre o assunto, mas quero focar em um fato interessante: quanto mais bem sucedida a pessoa é, mais ela acredita que esse tipo de meritocracia existe e menos ela consegue entender o papel da aleatoriedade nesse sucesso. Ou seja, quanto mais no topo da pirâmide a pessoa está, mais ela acha que a culpa disso é dela.

O que corrobora com o viés de otimismo que todos nós temos. A não ser que você seja uma pessoa especialmente negativa e/ou tenha algum transtorno de humor, muito provavelmente você também sofre desse tipo de viés. Onde basicamente achamos que somos melhores que somos de verdade em determinadas questões.

Para testar isso, uma pesquisa foi feita pedindo para que os entrevistados respondessem qual era o desempenho que possuiam dentro do seu próprio trabalho: se estavam abaixo da média de desempenho, na média de desempenho ou acima dessa média. O resultado? Bem, mais de 80% das pessoas se colocou acima da média de desempenho. Mostrando como nós temos esse viés de supervalorizar as nossas próprias habilidades.

Agora imagina o mesmo quando estamos falando de pessoas que, por seu mérito, privilégio ou por pura sorte, estão nos mais altos escalões de sucesso dentro da nossa sociedade? Não é de surpreender que achem que todo esse sucesso é só mais um reflexo dos seus próprios méritos. Ignorando todos os outros fatores, como uma família bem estruturada, a possibilidade de não precisar trabalhar quando mais novo e até mesmo a sorte na hora de avaliar o próprio sucesso.

O mérito é importante? Com certeza. Mas é muito menos importante do que parece. Só o fato de você ter pai e mãe decentes já te coloca na parte superior de ‘facilidade’ na hora de alcançar qualquer coisa. Imagine coisas como fazer um colégio muito bom e/ou estar cercado de pessoas inteligentes o tempo inteiro.

Tudo que está a sua volta vai te influenciando e te guiando. E essas coisas, na grande maioria das vezes, não foram você que escolheu. O que torna o famigerado ‘mérito’ que tanto nos jogam na cara algo um pouco menos ‘merecido’ do que nos é vendido. O que, para alguns, pode ser um balde de água fria no próprio ego.

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