Se fossemos Luas

Tandra
Revista Subjetiva
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2 min readNov 15, 2017

Se meu fosse despido já estaria e o mesmo olhar lubrico que outrora se continha, agora desejava cada traço que seu desenho antes escondia. Se meu fosse, meu corpo já não seria meu que tomado pelo seu dançava em suave melodia. Se de poemas fossemos feitos, seriamos um soneto que de alma corrompida e mesmo tendo perdido a rima, ainda assim seria a métrica perfeita. Se meu fosse, não seriamos um só, seriamos todos, todos os cantos, esquinas, ruas e cidades percorridas em nossa estrada-pele. Um caminho sem volta, com o intuito de se deixar perder. Se meu fosse, ah! se meu fosse, acho que já nem seria meu, seria eu!

Se minha fosse, nem estar nua precisaria, minha imaginação criativa já haveria de ter lhe criado, com tamanha perfeição que mesmo em sua forma mais hedionda, se é que existe, linda seria. Se minha fosse, queria agora “darçar-lhe” conjugando em ti o próprio verbo. Aprender teu ritmo, entender teus arranjos, recoordenar teus acordes, fazer de ti minha sinfonia e aceitar de bom grado minha sina de darçar-te todos os dias. Se minha fosse, nem soneto eu queria, bastava um único verso para tornar-te minha literatura preferida. Incansavelmente leria, leria, leria.

Se meu fosse, eu queria apenas um dia, nem que fosse uma noite, para olhar-te e ver-me. Abraçar-te e sentir-me. E quando a batida do seu coração se confundisse com o meu, agradecer a Deus por ter me dado tamanha sorte de viver o que com certeza me mataria, ainda que fosse uma morte trajada de alegria.

Se minha fosse, daria-te todas as minhas horas. Meu passado e meu futuro. Poderias ser dona de meu Tempo. Poderias transformar nosso dia terrestre em um dia de Vênus. Se minha fosse, não a deixaria morrer, dar-te-ia minha vida, contentava-me de viver em você.

Mas, não és meu

E nem és minha

Uma pena, seriamos uma bela poesia

Esse é mais um pequeno texto inspirado em meu livro “As Luas de Vênus” que ainda está sendo escrito. Conta a história de dois amantes do início do século XX, de amor torrencial cuja desgraça já era sabida desde o primeiro dia.

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Tandra
Revista Subjetiva

Nem sempre escrevo tudo aquilo que sinto. Mas, sempre sinto tudo aquilo que escrevo.