Se o sapo tivesse cabelo, eu estaria há um fio dele

Lara Pirro
Revista Subjetiva
Published in
2 min readSep 4, 2018
Julian Landini

Estou há um fio,

Há um fio de calar-me aos gritos comigo mesma,

Há um fio de desistir de toda vez que eu penso em desistência,

Há um fio de parar a travessia da corda bamba e senti-la bambear sem fazer movimentos,

Somente esperando, esperando e esperando que, de súbito, qualquer porcaria faça-me cair de vez,

Mas, que não faça-me tentar novamente.

Não quero mais tentar, estou há um fio de deixar essa vida de tentativas,

Tentar é cansativo, tentar enlouquece a sanidade já louca. Tentar escurece o caminho no labirinto e me faz mais perdida do que no inicio.

Toda encruzilhada é tentativa, e todo passo também,

Todo suspiro é tentativa,

Todos os centímetros que minhas pupilas dilatam são cansados,

Tudo que meus olhos vêm são vistos por alguém que já desistiu, mas mesmo assim

carrega esperança.

Não há nada pior do que isso, desistir enquanto ainda acredita que pode melhorar.

Porque eu sempre retorno a questionar a desistência, sempre olho para ela com olhos arrependidos e covardes,

Coloco pouco valor na desistência, mas a verdade é que se eu conseguisse desistir, eu parava de me cansar. Parava de sentir e atravessava de vez esse fio que me separa do definitivo.

Esse mísero fio, que é menor do que uma agulha, enquanto separa pólos tão distantes, que, de um, não dá para enxergar o outro.

O que danado tem nesse fio que faz do mundo todo um grande hospício a céu aberto,

Coloca a todos em trajetórias desconhecidas, enfrentando problemas irrisórios se comparados ao grande fio.

Um fio de cabelo de sapo; é o que me separa do ato de finalmente não questionar a desistência e desistir em paz.

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