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Se tudo é incrível, nada é incrível

Leonardo Fuita
Revista Subjetiva
Published in
3 min readSep 8, 2022

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Ultimamente tenho visto muita gente criticar determinadas partes de séries e filmes com um pouco de expectativa demais. Não que seja errado ter, afinal todos nós temos expectativas com as coisas que consumimos, mas acho que as vezes estão achando que tudo que sai de determinada franquia deveria ser incrível. Esquecendo que, na realidade, é importante que existam momentos menos memoráveis e mais pé no chão no meio do caminho.

Um bom exemplo para mim é os filmes e séries da Marvel. Depois de um ‘final’ apoteótico em Vingadores: Ultimato, vejo muita gente decepcionada com o que vem saindo desde então no mesmo universo. Com críticas que, muitas vezes, acabam indo no caminho de que nada grandioso está sendo construído e que os filmes pararam de ter a ligação que antes víamos a cada cena pós crédito.

É entendível que pensem isso. Afinal foram anos colocando essa maneira de fazer filmes para então culminar nos últimos dois filmes do Vingadores. Porém acho que esquecem que muitos dos filmes que estiveram nesse caminho também não foram exatamente maravilhosos. Alguns, na realidade, bem ruins como Thor 2 e Homem de Ferro 3. O que, pelo menos para mim, eu não vejo tanto hoje nos últimos que sairam.

O problema é que se tudo é incrível, depois de um tempo nada mais se torna incrível. Sendo necessário escalar as coisas a níveis estratosféricos para que consiga nos encantar da mesma maneira que já fomos encantados antes. Sendo então necessário que se ‘acalme’ um pouco os ânimos, fazendo histórias menos espetaculares e mais mundanas para nos acostumar novamente ao ‘padrão’ e então nos emocionar ao máximo novamente depois.

Isso não vale só para filmes. Um dos grandes problemas da pornografia é que ela acaba deixando coisas ‘simples’ do sexo como algo sem valor. Nos dessensibilizando e fazendo com que as pessoas busquem coisas cada vez mais extremas e que, no mundo real, na realidade nem sequer existem de verdade a quatro paredes. Tornando uma coisa que deveria ser prazerosa mesmo na sua maneira mais simples, algo que precisa de cada vez mais estímulos que muitas vezes passam do limite do saudável para serem positivos.

Com toda certeza a internet tem culpa nesse tipo de comportamento. Afinal ela tornou fácil nós conseguirmos que os nossos cérebros disparem dopamina a todo momento. Fazendo com que coisas que antes seriam incríveis se tornassem a norma e nos acostumando com estímulos que, em tese, não deveriam ser assim.

O ideal nesses casos é desacelerar. Entender que o incrível só é dessa maneira porque vem de vez em quando. Não é o padrão e tem que ser visto assim. Fazendo com que, primeiro, paremos de nos decepcionar por esse tipo de coisa. E em segundo lugar voltando a ter boas sensações com os grandes acontecimentos. O que, como todo mundo sabe, é sempre algo muito bom de se experienciar.

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