Segunda opção

Léo Ottesen
Revista Subjetiva
Published in
2 min readJan 8, 2020
Foto: Kelly Sikkema

Tell your story… me convida a plataforma. Mas que história? Qual história minha vale a pena ser contada? Posso falar de quando eu fui a primeira opção. Mas isso nunca aconteceu. Com o tempo, a gente começa a se acostumar e aceitar ser segunda ou terceira opção, ser aquele “é isso que o sistema oferece.”

Não é menos sofrido, contudo. É como aquela cicatriz de anos atrás que sempre dói quando chove. Só pra lembrar que está ali. A bem da verdade, é um prêmio de consolação: não foi o primeiro, mas foi. Subiu ao pódio (porque os outros estavam comprometidos) vitorioso.

Ser a segunda opção é legal quando a gente se acostumou a não ser opção nenhuma. E, com o tempo, a gente começa a se enxergar como segunda opção. A gente aceita a categoria e se acostuma com ela. E a gente passa isso pras outras áreas da vida, e aceita ganhar menos, trabalhar mais, nunca ser promovido… Porque aquela relação nos traumatizou a ponto de normalizar e mediocridade. E não somos medíocres.

Sabe aquilo de uma mentira contada mil vezes se torna verdade? Isso acontece quando nos sabotam e nos colocam pra baixo. A gente acredita. E, porque a gente acredita, se torna verdade. Mas a verdade absoluta e certeira é: a gente não precisa que os outros nos aprovem, mas que a gente se aprove. E ser a segunda opção é aceitar ser sempre a segunda opção em tudo. A gente merece mais.

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