Sonhos de um jovem aos 20 anos

Pedro Souza
Revista Subjetiva
Published in
3 min readMar 13, 2017
Foto de: www.meusonhar.com.br

Sou garoto novo, no auge dos meus 20 anos, ainda com uma vasta rede de sentimentos que nem dá para caracterizar, algo inefável. Mas ainda sim perplexo, perturbado pelo mundo.

Me digam: por que parar de sonhar? Espero que isso nunca aconteça comigo, Deus me livre. Mas é impossível não notar que a centelha da esperança se apaga e se apagou em muitos. Que aqueles sonhos foram tapados com terra e cal, chamados de responsabilidades. É cuidar da família, cuidar de si próprio. É trabalhar pra viver e viver para trabalhar.

Sou carioca e sei da quantidade de coisas boas que esse meu Rio me oferece. Tanta coisa de graça, tanta coisa divertida: é roda de samba, é roda de rap, é baile de charme, é baile funk. Ah, é museu de graça, é cinema de graça, é teatro de graça. Um mergulho na praia. Aquele clichê mesmo: não é água com açúcar que acalma, é água com sal.

Só que tudo posso, mas nem tudo me convém. É saber que o sistema poda sonhos com uma facilidade impressionante. É perceber que quando se tem responsabilidades, muitas vezes forçadas por um mundo contemporâneo, acaba sua vida. Claro, não é para todo mundo que isso acontece. Isso tem classe, isso tem cor, e tem até endereço. É no subúrbio que os sonhos se apagam, é nas comunidades que as esperanças tendem a sofrer, batizadas pelo complexo sistema em que vivemos. Não para todos e não sempre. Ainda é acesa a chama de mudança na juventude. Só que a vida trata de apagar essa puta chama que brilha.

Impossível não ficar chocado com a quantidade de sonhos que se apagam. E que nem todo mundo é fênix, que nem toda esperança renasce das cinzas. No geral, elas permanecem apagadas quando se vai da juventude pra vida adulta. Isso quando não se pula da adolescência pra vida adulta, numa transição que é forçada.

Nesse complexo pensante que é a minha mente, a nossa mente, não me cabe essa ideia. A ideia de que é pela cultura que eles nos apagam. Criminalizaram nosso samba, criminalizam nosso rap e nosso funk. Criminalizam nossa cor, nossos antepassados, nossas lutas seculares. Porque eles sabem que é apagando minha cultura que eles me apagam também. Mas esquecem das mentes que ainda são fênix. Que ainda pulsam, e que conseguem apesar das responsabilidades transcender essa porra dessa Cortina de Ferro que insistem em me apresentar diariamente pra me manter nas mesmas condições.

Mas é duro saber que esse véu que a gente tem que rasgar é muito mais duro do que parece. Sabe aquele cara da periferia que de soco rasgou esse véu e entrou numa universidade? O sistema quer tirar ele de lá. A força. De golpe, golpe duro. E ainda sim esse malandro que deu o pé na porta da universidade e disse que ali também era o lugar dele, ele é 1 em 1000, mas já foi pior, era 1 em 10.000, 1 em 1 milhão, já foi 0 também.

Então é isso, é manter a luta, é rasgar o véu, é bater o pé e dizer:

Eu vim de lá, vim pra ficar e ai de você que tentar me tirar!

E quem sabe de 1 em 1000, não nos tornemos 2 em 1000, 3 em 1000, 100 em 1000, até sermos 1000 em 1000.

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