Sorte ou azar nascer um pássaro de fogo?

Andressa
Revista Subjetiva
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2 min readOct 11, 2021
Quanta beleza e dor carrega o destino dessa criatura encantadora e intrigante

Uma luz radiante passa serena pelo céu, seguindo o belo pássaro dourado que brilha intensamente sob a luz do sol. Com suas asas em chamas, o imponente pássaro atrai os olhares e a admiração daqueles que contemplam sua raridade. O céu torna-se mais belo. Os desenhos das nuvens, o brilho do sol, a luz das estrelas e o encanto da lua dividem a atenção dos que olham para cima e se fascinam com o voo do pássaro de fogo.

Queimar até a morte e renascer das cinzas, uma imagem fantástica. Mas ninguém imagina o quanto dói sentir as chamas de fogo consumirem o próprio corpo até a morte e a quantidade de força necessária para mover as cinzas e fazer a vida ressurgir.

De tempos em tempos a fênix desaparece, precisa morrer para renascer. Um momento solitário cheio de dor. Sofre, distante dos olhares, a sua dolorosa morte enquanto reúne a força necessária para juntar suas cinzas, formar o seu corpo e reacender o fogo apagado.

Quanta dor e sofrimento guardam a beleza e o misticismo desse pássaro! Sua força é maior do que pode ser compreensível. Guarda a dor, esconde-se quando está fraco. Ninguém o vê morrer, ninguém nunca o viu renascer. O veem apenas de tempos em tempos, cada vez mais belo, mais forte, mais admirável.

Ninguém sabe o que não vê. E nem todos têm a capacidade de perceber o que se mostra além dos olhos.

Talvez esse ser místico, que tanto desperta a admiração dos outros, deseje não ser como é. Pode ser que ele lamente a sorte que teve por nascer assim, queria não ser tão forte para que não pudesse sofrer tanto. Talvez tudo que mais queira é ser compreendido e que sua dor seja reconhecida.

[2016]

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Andressa
Revista Subjetiva

Jornalista de escrita noética. Tirando os textos da gaveta • Escrevo meu mundo de dentro e me escrevo nesse mundo de fora • instagram.com/andressaasa