Special e a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho
“Escuta, escrever coisas pessoais é assustador, mas pode ser cicatrizante. Você toma posse daquilo, e ninguém pode tirar de você”. Essa frase exemplifica um pouco das experiências da série autobiográfica lançada esse ano pela Netflix, Special (Especial), que aborda muitas questões importantes como: autoestima, sexualidade, liberdade e deficiência intelectual. Tudo isso em único personagem, Ryan O’Connell, jovem gay com paralisia cerebral que decide se aventurar pela primeira vez no mercado de trabalho.
O universo do emprego, quando enfrentado pela primeira vez, pode ser muito assustador, mas para um jovem com algumas limitações em sua condição física, pode se tornar maior ainda.
Nos primeiros dias no novo trabalho ele se depara com os seguintes desafios:
- Encarar uma redação que tem como público principal millennials ligados a boas causas. O novo ambiente está cheio de blogueiros e redatores experientes, ele é apenas um estagiário.
- Escrever sobre assuntos relacionados a sua vida particular, no caso, um acidente de carro. E não, esse não é o motivo pelo qual Ryan possui paralisia cerebral, mas foi a forma que ele identificou como mais viável para ser aceito no ambiente de trabalho.
Pessoas com deficiência, todos os dias precisam provar seu valor para alcançar uma oportunidade de emprego: formação, qualificação, experiência e diversas barreiras impostas pelos preconceitos de sociedade e claro, do próprio mercado. Diante da data que se aproxima, 21 de setembro, Dia da Luta da Pessoa com Deficiência, Special deixa importantes lições de auto aceitação, ao passo que o grande desafio do protagonista é se desvincular não apenas da imagem que as pessoas criam dele, mas a forma com que ele se projeta diante dos outros.
A série traz um enredo real, escrito pelo roteirista, escritor, blogueiro e ator, o próprio Ryan O’Connel. Essa história, ainda que pouco, contempla o universo de diversas pessoas com deficiência procurando um lugar ao sol. Com o objetivo de viabilizar a inserção desses profissionais, a Catho, desde 2016, oferece gratuidade de sua plataforma para que busquem o primeiro emprego ou recolocação profissional. Mais do que isso, nos sensibilizamos e buscamos dar voz àqueles que precisam ser enxergados como profissionais competentes para ocupar postos no mercado de trabalho.
Nós, da Catho, entendemos que existem diversas práticas que podem ser aplicadas no ambiente corporativo. Dentre elas, vale destacar que o primordial é realizar um trabalho de conscientização entre os colaboradores, para que esses também estejam preparados para transformar o ambiente em um local verdadeiramente inclusivo. Após esse primeiro passo, há outros métodos que potencializam essa inclusão, tais como grupos de discussão, onde esse profissional pode ser ouvido de forma efetiva; encontros com experiências sensoriais, onde toda a equipe de trabalho pode vivenciar minimamente sobre como é a vida de uma pessoa com deficiência, reuniões de feedbacks entre os times, dentre outros.
Desejamos um mundo com mais Ryans, onde os profissionais possam ser desprendidos de seus medos, abertos a vivenciar o mundo real, ainda que com suas dificuldades — afinal, todos estamos suscetíveis a elas — dando o seu melhor por meio do trabalho e adquirindo autonomia e independência através dele.