“Star Wars: Episódio IX — A ascensão Skywalker” convence isoladamente, mas perde brilho dentro do todo

Andressa Faria de Almeida
Revista Subjetiva
Published in
3 min readDec 20, 2019

Comparada com as outras duas trilogias presentes na saga Star Wars a iniciada no “Episódio VII — O Despertar da Força” vinha se mostrando como a mais diferenciada entre todas, por uma razão bem simples: ainda que estivessem presentes os personagens principais dessas histórias a verdade é que eles cediam de bom grado seu natural protagonismo, o que permitia que novos enredos e perspectivas se apresentassem nesse universo.

No “Episódio IX — A Ascensão Skywalker” tudo isso muda, e é bem verdade que o título já denunciava o que aconteceria. Se no “Episódio VIII — Os Últimos Jedi” tivemos não só um novo diretor (Rian Johnson), mas também pontos de vista completamente distintos para a franquia a verdade é que no lançamento da vez retornamos aos dilemas já conhecidos e aos desfechos já esperados.

Esqueça a possibilidade da Força ser um elemento que pode ser alcançado por todos. Ignore os avanços de Finn (vivido por John Boyega) no filme anterior e o estabelecimento de figuras como Rose Tico (interpretada por Kelly Marie Tran). J. J. Abrams dessa vez claramente estava mais focado em não se arriscar no encerramento dessa saga para agradar aos fãs mais tradicionais, preferindo fugir dos caminhos diferenciados e instigantes propostos pelo seu antecessor.

Não que isso faça do longa em questão uma obra ruim, porque não o é. Apesar de extremamente apressado em sua apresentação e difuso nos temas tratados ele é divertido e emociona em momentos pontuais, mas bem marcantes. O protagonismo dividido entre Adam Driver e Daisy Ridley como Kylo Ren e Rey justificam bastante o funcionamento dessas cenas, assim como o retorno de figuras emblemáticas presentes nesses mais de 40 anos de franquia.

Os efeitos especiais quase sempre impecáveis e a trilha sonora épica de John Williams também tem grande peso nos trunfos da produção, não dá para negar. A questão é que é completamente impossível desconsiderar esse lançamento como parte de um todo, e nesse sentido ele não funciona da maneira que deveria, em definitivo.

Além disso, também é um pouco triste perceber que o fato da Disney ser responsável por várias franquias distintas faz com que a proposta abraçada por algumas seja também utilizada por outras. A sensação de déjà-vú trazida por alguns takes é um tanto quanto inevitável e pode perturbar àqueles que se preocupam com a originalidade e criatividade das suas histórias prediletas!

Star Wars: Episódio IX — A Ascensão Skywalker” encerra uma das sagas mais apaixonantes da história do cinema com menos brilho e coragem do que deveria. O longa em si provavelmente vai cativar e vai animar quem busca mergulhar no universo da franquia sem maiores compromissos, mas se a ideia era fazer algo único e transgressor uma bela oportunidade parece ter sido perdida!

Nota: 6,5

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