Ilustração por @m0buh

Tanta coisa bo(i)a por dentro.

Mônica Déda
Revista Subjetiva
Published in
1 min readJun 21, 2019

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Depois de anos sem pisar ali, estava de volta. Algumas barracas mudaram de lugar, as pessoas também eram outras pessoas e os prédios engoliram por completo os bares de pau-a-pique na orla. Correr até a beira d’água com os pés ardendo e marcando a areia era uma coisa que se perdeu em algum lugar da passarela de cimento.

O cheiro de praia — uma combinação de sargaço, fritura e protetor solar — me deu carona até o momento em que estar ali fazia algum sentido. As nuvens eram cavalos, baleias, homens; e o futuro, só uma promessa sem data pra chegar.

Sentei na areia tentando me reconectar com todo aquele sal, mas o tempo passou de verdade e o tempo dos meus dias era seco e denso.

Entrei no mar como quem anda pela primeira vez, sem saber o que esperar do próximo passo. Ele tocou meus tornozelos reconhecendo a pele, que retribuiu em arrepios. Dei o primeiro mergulho com algum respeito: a intimidade foi crescendo à medida que as ondas abraçavam minhas costas.

Passando da rebentação, soltei o corpo e olhei em direção ao céu. Cavalos e baleias dançavam às vistas dos homens outra vez.

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Mônica Déda
Revista Subjetiva

Conto histórias na Cora | Escrevo na @revistasubjetiva e no portal @faziapoesia | Mudo de ideia o tempo todo