Threads, política e responsabilidade
Recentemente, surgiu um novo termo na internet, em especial no twitter, chamado “thread“, que, em português significa fio. Uma thread pode ser compreendida como uma linha de raciocínio, a qual faz o agrupamento de tópicos acerca de um assunto específico, ou seja, são diversas publicações em série. Nesses agrupamentos, muitas vezes, são destacados e abordados os tópicos considerados primordiais.
Aspectos positivos das ditas threads são: (i) o seu alcance e sua capacidade de facilmente serem lidas e compreendidas, não só por terem um tamanho reduzido — quando comparada a artigos jornalísticos ou científicos — , naturalmente despertam o interesse dos leitores em iniciar e concluir a leitura, como também em compartilhar aquela informação. Em razão do seu tamanho reduzido, sua escrita não requer esforços maiores para ser compreendida; (ii) o assunto tratado rapidamente se populariza. Por outro lado, deixa a desejar em outras questões.
Diversos assuntos de grande relevância social e de significativa complexidade estão sendo abordados para o público online através dessas threads, como, por exemplo, a política. Muitas vezes, porém, isso ocorre de forma simplista, resumida, quando não irresponsável. É importante destacar que eu falo do meu locus social, ou seja, da minha vivência, portanto, há quem discorde dessas considerações.
O resultado dessa abordagem nas threads é que o discurso, apesar de ter uma boa intenção, na maioria das vezes, deixa “pontas soltas” no que diz respeito ao conteúdo, o que causa complicações no entendimento; principalmente quando aborda assuntos polêmicos, os quais existem divergências.
Há alguns assuntos mais complexos do que outros. Os mais trabalhosos, naturalmente, precisam de uma abordagem mais detalhada, pois, uma vez que alguma thread negligência determinados aspectos de uma temática, isto tende a despertar indagações em quem ler. Em algumas situações, tais indagações podem gerar atrito dentro de determinado contexto específico, o que condiciona o leitor a um obstáculo na produtividade e compreensão das threads. De certo modo, põe alguns leitores numa posição delicada, tendo em vista o grande alcance daquele conteúdo, os indivíduos têm medo de sofrer linchamento virtual por discordar, se expressar de alguma forma vista como errada ou em alguns casos, somente perguntar.
Tudo isso diz respeito à responsabilidade que o indivíduo tem com o que ele multiplica na internet. Responsabilidade, pois, se o objetivo de fato é sensibilizar as pessoas sobre alguma temática específica, precisamos ater-nos a qual tipo de informação estamos compartilhando, e a responder ou a falar sobres as indagações que vão surgir. Na maioria das vezes, surgem questionamentos, e poucos “fios”(que eu vejo) o autor ou autora tratam com responsabilidade o assunto e o receptor da informação que será passada. Isso não se aplica somente as threads, mas a tudo que compartilhamos na internet.
COMO FAZER UMA THREAD QUE BUSQUE SENSIBILIZAR AS PESSOAS SEM TORNAR-SE UM DESSERVIÇO?
Buscar trazer dados é importante para comprovar o que está sendo dito e para trazer estes dados de forma simples e rápida só deixar links de alguma reportagem que trate sobre o tema. Para além dos dados, é conveniente trazer autores ou citar livros que abordam o que está sendo falado. Desse modo, os indivíduos que tiverem dúvidas terão por onde começar a pesquisa.
Sobre o aprendizado e as formas de comunicação
Há um canal no youtube chamado Tese Onze, no qual a socióloga Sabrina Fernandes trata sobre diversos assuntos acerca da política e, de todo modo, a sociedade. Recentemente, ela gravou um vídeo que dialoga bastante com a proposta do que foi posto aqui:
Nesse vídeo, ela faz a seguinte citação de Paulo Freire, extraída do seu livro Pedagogia da Autonomia:
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
Num momento de fakenews, num ano politicamente difícil, no qual os conteúdos importantes perdem alcance, é fundamental que todas e todos usem de suas ferramentas para multiplicar informações relevantes. Buscar sempre trazer o debate para longe da superficialidade, pois nem tudo pode ser somente uma thread, como nem tudo cabe nela, mas se couber, que tenhamos responsabilidade e estejamos atentos a sempre buscar nossas referências.
As redes sociais, como, por exemplo, o twitter, são, atualmente, muito utilizadas por figuras políticas de bastante relevância, uma delas é o atual presidente. Esses espaços que antes contemplavam somente diálogos pessoais, hoje em dia estão dividindo o lugar com temas sérios. Por isso, que não deixemos de viver e dialogar com o lúdico, mas que, quando dialogarmos com temáticas importantes, tenhamos responsabilidade!
