Três novos poemas de amor (ou paixão?)

Gabriel Caetano
Revista Subjetiva
Published in
2 min readNov 8, 2018
Cartão promocional do filme “O Estrangeiro”, de Luchino Visconti e baseado na obra de Albert Camus

Depois que a música acabar

Nick Cave toca no palco

O salão tá cheio

Alguns dançam alegremente,

Outros choram,

Bem lentamente

Milhares de corpos juntos,

Energias diferentes

Sei que você tá aqui também,

E procuro teu rosto entre os corpos,

Nenhum fecho de luz te ilumina

Mas Cave começa a cantar The Ship Song

E, no mesmo instante,

Você aparece dentro de mim

Na minha caixa de memórias

Como a cena de um folhetim

Começo a sentir suas longas mãos

O doce odor do seu corpo

Da sua cama

E o gosto dos nossos beijos longos

Sinto saudades do seu ar parisiense

Acho que nunca te falei

O quanto você é elegante

E que seu rosto possui um jeito único,

Mas diversas nuances

A canção vai acabando

Mas o sabor do teu sexo

Não sai do meu paladar.

Como o Nick diz,

Ainda dá pra fazer um pouco de história, Baby

Mesmo depois que a música acabar.

Um postal para o inferno

Nunca conheci ninguém com o teu nome

Nem mesmo um cão ou uma gata

Muito menos um país, estado

ou alguma menina mimada

Estar com você é como

beber todas as cervejas de um bar

com mesa na calçada

durante os momentos de prazer

de uma fria madrugada

Já ficar sem você é como

tomar tônica sem gim

Escrever uma rima ruim

num postal qualquer

endereçado pro inferno.

Poema para uma amiga

Homens e mulheres estiveram em sua cama

Seduzidos por esses doces olhos pequenos

Você domina o jogo que joga

Sabe a hora de fazer silêncio

e sente quando é necessário berrar

A erva do teu mate é mais açucarada

O sabor do seu cigarro é mais dramático

Assim como os porres que toma

Quase todo dia lá no Largo da Sta. Cecília

Escute seu mantra pelo rádio

Assista os sinos batendo

Coloque mais farinha em seu pão

Aproveite o vinho

E doe várias roupas

Assim como doa o seu coração

Mesmo quando suas verdades

soarem mais fortes que a razão

Mesmo que o tempo esteja quente

e não chova numa tarde de verão

Se a decepção aparecer,

Não será a primeira,

Muito menos a última (eu sei, que clichê)

Mas minha amiga, forte amiga

Nunca desista e pense, sempre lembre,

que numa dessas suas tardes de cinema

ou caminhando sozinha na Consolação

Alguém pode tocar seu ombro

Talvez seja uma nova paixão.

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Gabriel Caetano
Revista Subjetiva

Já fui frentista, troquei óleo de carros, limpei balcões, servi mesas, prestei serviço pra multinacionais e fiz um doc sobre o blues. Agora tô aqui, escrevendo!