Tudo começa (e acaba) em pizza

Mas calma, essa é uma boa pizza! Afinal de contas, se trata da vida

Regiane Folter
Revista Subjetiva

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Sempre pensei que a vida poderia ser comparada a uma boa pizza. Um ciclo, um círculo, mas você só consegue lidar com uma parte por vez. Cada pedaço se conecta ao seguinte graças ao queijo derretido e às escolhas da gente. E assim, todas as fatinhas juntinhas e diferentes umas das outras, formamos o prato.

Extra-grande ou brotinho, o tamanho depende da sua fome e, claro, de alguns acidentes que às vezes acontecem. Quem não detesta quando faz um pedido e o delivery não é exatamente como esperava?

Assim como na vida, uma boa pizza necessita de uma boa base. Uma massa forte, com uma liga bem feita, nem muito mole, nem muito dura. A estrutura de uma pizza é o que garante que a receita vai funcionar. Farinha, água, ovos ou, no caso da vida, uma estrutura de família e amor, forte o suficiente para suportar a primeira entrada no forno, o primeiro estirão.

Com o crescimento, as primeiras descobertas. Nem sempre é fácil suportar o calor da massa de tomate que começa a colorir a pizza ainda meio crua.

Esse molho pode ser sem sal ou bem temperado, mas com certeza é novo, é vivo, é algo que muda completamente o sabor da pizza. E não é assim na vida também, quando saímos da proteção e do carinho da casa da gente para descobrir o mundo lá fora? A escola, os amigos, as primeiras vezes, as primeiras lágrimas. Dá cor, dá sabor, mas às vezes é complicado lidar com tanta intensidade.

A partir daí a pizza nunca mais vai ser a mesma porque, dependendo do humor do cozinheiro ou do pedido do freguês, diferentes opções de cobertura vão sendo colocadas sobre a massa já mais calejada. Ovo cozido, milho e ervilha, queijo e presunto, salame e calabresa, cebola, rodelas de tomate. Uma variedade de tipos de legumes, carnes, gostos e desgostos que moldam a massa, deixam a cara da pizza mais ou menos cheia, mais ou menos colorida.

Algumas opções são mais aventureiras, como a portuguesa; outras não saem do habitual, como a mozzarella. Independente do sabor, tem coisas que a gente gosta, tem coisas que a gente não gosta tanto.

Vivemos a vida uma mordida de cada vez e não deveríamos ter medo de nos surpreender com um delicioso novo ingrediente ou mesmo se encontrarmos algum sabor meio amargo. As coisas são assim mesmo, nem sempre dá pra gostar de tudo que a gente põe na pizza ou de tudo que a vida reserva pra gente.

Depois de uns minutos no forno, a pizza sai em todo seu esplendor. Crocante, fresquinha, com aquele queijo gostoso derretido. Tudo brilha, o cheiro dá água na boca e aquele é o seu momento de maior furor. Pode ser grande ou pequena, pode ter os sabores que cada um preferir. Pode ser compartilhada, o que faz com que seja ainda mais gostosa, ou apreciada sozinho com uma boa taça de vinho.

O importante é disfrutar dos sabores, é repetir o que gosta, é deixar no cantinho do prato o que não agradou. Sujar os talheres, sujar as mãos, cair de boca em cada pedaço, em cada momento. Viver a vida como se não houvesse pizza amanhã!

No fim do dia, com aquela alegria boa de pança cheia e dever cumprido, admirar o prato vazio e se preparar sem arrependimentos para a soneca pós refeição.

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Regiane Folter
Revista Subjetiva

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros