Tudo Que Nunca Aconteceu.
Ou “O lado mais obscuro da ansiedade”.
Pessoas conversando.
Luz baixa.
Um cappuccino sobre a mesa.
Suas mãos cruzadas e seu pé se mexendo de modo ansioso debaixo da mesa.
Você pega a minha mão, me faz um carinho e diz (BAM!) que não sabe o que está fazendo ali.
Eu pergunto o que aquelas palavras significam e você diz que andou desperdiçando seu tempo… comigo.
Você diz que já está com outra pessoa há pelo menos cinco meses e que eu era um dano colateral que continuava pelo caminho.
Tenho aquela sensação de perder o chão e sinto como se tivesse levado um soco na cara… meu coração acelera e olho em volta perdido.
Vertigem.
Minhas mãos tremem quando você diz que apagou todas as nossas conversas e fotos e me pede para fazer o mesmo.
Olho o celular e vejo que você já me bloqueou.
Tudo isso foi friamente calculado.
Então percebo que há algo estranho ao redor… parece que as pessoas pararam de conversar e elas travaram (?) em suas posições.
Então me dou conta de que tudo isso está acontecendo “aqui dentro” (de novo).
Essa conversa durou uns 10 minutos, mas “lá fora” não deve ter passado de alguns segundos.
Pisco três vezes e na última fecho os meus olhos com força e…
Pessoas conversando.
Luz baixa.
Um cappuccino sobre a mesa.
Suas mãos cruzadas e seu pé se mexendo de modo ansioso debaixo da mesa.
Você pega a minha mão, me faz um carinho e diz que estava com saudades.
Meu coração erra uma batida, eu sorrio meio sem jeito e você me pergunta se aconteceu alguma coisa.
Eu digo que nada aconteceu e te puxo para pertinho de mim.
Uma vez você disse que eu não conseguiria entender de onde veio aquela “memória” que nunca existiu, mas que pareceu tão real.
Essa foi uma tentativa de provar que, tal como você, eu também posso compreender a ansiosa inexistência de algumas coisas.