Um café e um amor

marina
Revista Subjetiva
Published in
2 min readMay 10, 2017
Fonte: Pinterest

Ô, moço,

Tá ocupado?

chega aqui, vamos tomar um café

Deixa eu te observar.

Ô, moço,

sabia que seus olhos são de um castanho

tão claro

quanto a madeira deste seu violão?

Ah, não sorri assim

que você acaba comigo…

-Com ou sem leite?

Ô, moço,

sabia que se eu chegar pertinho assim,

dá pra ver suas sardinhas?

Parecem respinguinhos de tinta.

Não, parecem… estrelinhas.

É.

Estrelinhas que completam o universo

da tua alma,

que enxergo pelos teus olhos.

-Ah, açúcar ou adoçante?

Ô, moço,

me conta de você.

Não, não conta.

Deixa eu te decifrar.

Deixa eu desbravar tua pele

como pincel que pinta

uma tela em branco.

- Psiu, cuidado. Tá quente.

Ô, moço,

aqui, segura minha mão.

Sentiu? Não?

Então, olha nos meus olhos.

Sim, minhas pupilas estão dilatadas.

Sabe o porquê?

Por sua culpa.

- Vai um biscoito para acompanhar?

Ô, moço,

não me leve a mal, mas acho que eu gosto de você.

Acho, não. Gosto sim.

Ah, mas não tem por quê.

Eu gosto e pronto.

Acredite, é verossímil.

Ô, moço,

se você quer mesmo saber,

esse seu jeitinho

sem jeito

me pegou de súbito.

Tua fala mansa,

Teus pensamentos,

Tuas camisas de botão,

Teu modo de ver a vida

e até este violão.

Foi tudo.

Foi todo.

Ô, moço,

entra aqui no meu coração

deixa eu te mostrar o lugar que reservei pra você.

Cuidado, ali tá um pouco bagunçado

mas é aconchegante, não é?

Não liga pra esses caquinhos,

são resquícios de algumas ex-certezas

que mudaram de lugar.

Ô, moço,

tá vendo aquela janela ali?

Então chega mais perto.

Olha só que vista.

É imenso, né? O mundo.

E a gente pode conhecer isso tudo

assim, juntinho.

Basta querer.

- Quer mais uma xícara?

Prometo te servir sempre que quiser.

Só me deixa te mostrar

que esse café e as notas desse violão

podem se prolongar por uma vida inteira.

Que meus dedos

podem passear nesses seus cachinhos

pra te fazer dormir nessas noites insones.

E que eu não vou reclamar

da sua barba.

Eu até gosto.

Faz cócegas.

Ô, moço,

isso não é um abismo.

E se for, deixa que eu seguro a sua mão

pra gente pular.

Não se preocupa,

lá embaixo não tem espinhos

Apenas um mar

pra gente

(se)

amar.

E eu tenho um paraquedas

na mochila.

É só se

E

N

T

R

E

G

A

R

Viu? Nem doeu.

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