Uma gota de esperança

Peterson Fernandes
Revista Subjetiva
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1 min readJan 18, 2021
A super enfermeira protegida pelo super Zé Gotinha — Ilustração: Rodrigo Yokota

Não devia. Não faz sentido. Mas no Brasil bolsonarista é assim que as coisas são. A aprovação de uma vacina, no meio de uma Pandemia, nos deu uma sensação para além da graça pela imunização.

Estamos em êxtase porque ouvimos o som do silêncio. O silêncio dos abutres negacionistas que sobrevivem nesse país justamente porque nunca se calam. Sobrevivem da agonia do povo, se alimentam da sua ignorância e se fortalecem através do medo.

Mas no dia que a vacina do Butantan foi aprovada e uma enfermeira negra foi a primeira vacinada, houve um clima no ar que nos fez lembrar de quando as coisas eram mais simples. De quando a ciência era valorizada, a cultura celebrada e a vida colocada em primeiro lugar.

Você percebeu que, nesse dia, o presidente não deu as caras em lugar nenhum? Não falou nada, não se pronunciou, não existiu.

E quando um país fica em paz justamente porque o seu presidente passou um dia inteiro sem fazer nada, é sinal de que está na hora de essa ausência virar permanente.

Aí sim essa pequena gota se transformará em uma chuva de esperança.

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Peterson Fernandes
Revista Subjetiva

@petcafer — Publicitário, antropólogo, escritor e peladeiro.