Umidade quente

Lara Pirro
Revista Subjetiva
Published in
1 min readMar 15, 2019
Flowsofly

A chuva caiu em solo fértil demais,

Colocou-me numa berlinda sútil,

Aquela que aprisiona enquanto o prisioneiro julga gozar da liberdade.

Desceu molhando-me as pernas,

Lavando-me as partes,

Ressecando meus lábios entreabertos;

Sedentos por arte.

Inundou-me inteira de toda obscenidade,

Invadiu os meus sonhos,

Fez-me desejar suas águas,

Fez-me nadar no meu próprio mar de liberdade.

Busco-a como a tinta busca a tela,

Vejo nela a expressão do meu pulsar,

Contraio meu canal carnal,

seguro-o com força e

sinto seu chamado que me arde.

Água que molha enquanto queima,

Incendeia minha umidade,

Todos os dias que julgo alcançá-la,

Por ironia ela sempre se parte.

Toda noite de despedida é um martírio,

Deito-me cansada de tanto desejo,

Mordo a ponta dos dedos e

Retorno a pintá-la em meus meios.

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