Umidade quente
A chuva caiu em solo fértil demais,
Colocou-me numa berlinda sútil,
Aquela que aprisiona enquanto o prisioneiro julga gozar da liberdade.
Desceu molhando-me as pernas,
Lavando-me as partes,
Ressecando meus lábios entreabertos;
Sedentos por arte.
Inundou-me inteira de toda obscenidade,
Invadiu os meus sonhos,
Fez-me desejar suas águas,
Fez-me nadar no meu próprio mar de liberdade.
Busco-a como a tinta busca a tela,
Vejo nela a expressão do meu pulsar,
Contraio meu canal carnal,
seguro-o com força e
sinto seu chamado que me arde.
Água que molha enquanto queima,
Incendeia minha umidade,
Todos os dias que julgo alcançá-la,
Por ironia ela sempre se parte.
Toda noite de despedida é um martírio,
Deito-me cansada de tanto desejo,
Mordo a ponta dos dedos e
Retorno a pintá-la em meus meios.
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