Velhice

Giuliana Petrucci
Revista Subjetiva
Published in
2 min readNov 25, 2017
Reprodução: Internet

Vovó estava de costas em sua cadeira de balanço
Eu olhava pra ela pacientemente,sabia que esse prazer não duraria para sempre
Ela estava de costas, observando o céu
O silêncio que fazia abria espaço para que o vento lhe cantasse através das folhas do jardim
Adorava olhar aqueles cabelos brancos
Combinavam perfeitamente com suas rugas despreocupadas
onde já repousaram tantas preocupações.

Nesse dia fazia calor e vovó estava aflita.
Acho que ela não sabia que eu estava a observá-la,
pois passou a mão em seus cabelos estressados de branco
e os torceu contra os dedos.
Foi retirando, aos poucos, o alvo de seus fios.
Espremeu com tanta força,
que seus cabelos se tornaram negros,como antigamente.

Todo sinal de velhice se esvaiu.
Assim como a tinta branca foi derramada de seus fios,
suas rugas despregaram de seu rosto envelhecido.
Um som incômodo de casca de ovo quebrando
anunciou o descolar daquelas marcas que caíram no chão com um som seco.

Pude ver então, com aqueles meus olhos desacreditados
a materialização de seu espírito:
Vovó era tão moça quanto eu.

Gostou desse texto? Clique em quantos aplausos — eles vão de 1 à 50 — você acha que ele merece e deixe seu comentário!❤

Redes sociais: Facebook|Twitter|Instagram|YouTube

Publique seus textos conosco clicando aqui.

Leia textos exclusivos e antecipados assinando a nossa newsletter.

Confira a nossa revista em versão digital!❤

Entre no nosso grupo para autores e leitores, divulgue seus textos e chame os amigos.

--

--