Versos da quarentena

Me abalo, e me abalo muito

Luan Oliveira
Revista Subjetiva
1 min readApr 4, 2020

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Minha terra e a tua
Já foi a mesma
Mas a emancipação veio
Anos antes de nascermos

Resolveu visitar meu mundo
Um forasteiro, perambulando
Te fitei, te envolvi

Nossos corpos se entroncando
Foram a visão do momento
Houve certa comoção

Forasteiro veio outro
E te expulsou
Exilado, prometeu voltar

Agora leio sinais trocados
Sobre as memórias de atrás
E os desenhos do amanhã

Se tu não voltar
Se vier e eu não te sentir
Se vier e não me procurar

Por séculos minha terra sem a tua
Por décadas meu corpo sem o teu
Por milênios podemos viver, sem

Fosse só teu corpo
Fosse só teu toque
Que urgisse para mim

Não fosse também teu olhar
Tua risada despreocupada
Teu alento descomunal

Fosse só tua boca
Não todas as entranhas
Estaria sem temer

Te perder pra ti
Tu cair de mim

Tu não vale
Um conto
E me desfaço
Me abalo

Tu não presta
Mas faço a festa
Quando sei
Que vamos fuder

Sequer é meu tipo
Mas o gozo não liga
Tô molhado por você
Vivo em terremoto

Tua carne é podre
Teu espírito é invisível
Meu desejo é latente

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Luan Oliveira
Revista Subjetiva

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.