Viagens para o interior.

Vitória Castilho Cohene
Revista Subjetiva
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3 min readMay 10, 2021

Consequências da vida em pandemia.

Photo by Jesman fabio on Unsplash

Não era a hora, né. Já são tantas coisas que temos para nos preocupar em um período como esse.

Recentemente li meu texto inocente de maio de 2020, reclamando do egoísmo generalizado que foi evidenciado pelo período. Período esse que era de dois meses até o momento… aiai, se a gente soubesse, né?
Quase um ano depois e, de lá para cá, frustrações, perdas, mudanças e muito medo. Além disso, dois cachorros e algumas outras conquistas particulares bem positivas que ajudaram a balancear um pouco a situação como um todo.

Enquanto isso, em paralelo, muitas viagens para o interior.
Aliás, devo dizer que não só em paralelo, mas na perpendicular também. Elas cruzaram o meu caminho formando ângulos que me possibilitaram (AKA: obrigaram) a sentar e efetivamente encarar a situação.

A chegada em locais que não eram habitados há tanto tempo foi assustadora. Me deparei com cenários pacatos, claramente cheios de história, mas parados no tempo. Uma realidade daquelas que a gente nem costuma lembrar que existe.
Elementos enferrujados e preocupações que não colocam a situação da pandemia como foco, sabe? Não por desmerecer a importância que isso precisa, mas porque esse tipo de informação praticamente nem consegue chegar até lá. O caminho é longo, e muitas coisas essenciais se perdem por ele.

Fiz essa viagem tantas vezes no período que acabei abrindo esse caminho na marra. Devo dizer: que estrada mais turbulenta essa. Balança tanto nos buracos que é preciso apertar os cintos para não cair e segurar bem o volante para não perder o controle. Às vezes, mesmo assim se perde. A sorte é que a estrada tende a ser vazia, então se bater o único prejudicado é você e sua própria carcaça né… mas geralmente, é algo consertável.

Tirando toda a parte negativa, encontrei uns campos bonitos. Sementes e mudas que foram plantadas há tempos e hoje em dia compõem um cenário que é agradável aos olhos. Só espero que não percam o tempo da colheita para que possam aproveitar o resultado disso e continuar de acordo com a sazonalidade. Tudo tem fases.

O que eu sigo aprendendo é que esse lado interior tem um grande potencial. Se bem cuidado, dá para encontrar paz, colher bons frutos, relaxar e fugir um pouco de toda a energia negativa que rodeia a vida aqui fora. Mas dá trabalho, hein? Ô se dá. Me arrisco até a dizer até que é impossível sem ajuda.

E tá tudo bem também, deixa ajudarem. Tem gente que pode oferecer um ponto de vista tão mais bonito do mesmo cenário do seu interior. Geralmente, você não se vê pelo melhor ângulo.

*Só uma simples analogia de como me deparei com viagens para o meu interior e fui obrigada, por mim mesma, a voltar para terapia nessa pandemia. É importante olhar mais para dentro.

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Vitória Castilho Cohene
Revista Subjetiva

Tinha tantas certezas, mas agora só tem a de que escrever alivia.