Voltar à infância pra aprender a crescer

O que a filha de uma amiga teve para me ensinar.

Yasmin Narcizo
Revista Subjetiva
2 min readJan 28, 2019

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Estava escrevendo uma carta para filha de uma amiga que ainda não nasceu. Pensei nas palavras (elas sempre explicam tudo) que diferenciam as nossas gerações. Para nós, coisas como revestimento, investir, manutenção. Pra ela, um dia, pique-pega, desenho, massinha. É mais gostoso, mais afetuoso e mais criativo.

Pensei também no que mais faz de nós tão diferentes das crianças. É o correr descalço? É a preocupação? É a ânsia de aproveitar mais ou o terror de ter menos? A conclusão foi meio triste, eu preciso dizer: acho que, na pressa de crescer, deixamos pra trás a magia.

Quando foi que o bicho adulto ficou tão medroso e esqueceu o que é viver? A gente ensina o filho a não ter medo do escuro, mas não lembra mais o que é coragem. É tudo precaução, antes que x ou y aconteça, por via das dúvidas, vai que e não. Quando foi que arriscar foi cortado e deixou de ser verbo no nosso dicionário? Quando foi que estar vivo virou um cálculo e não uma aventura?

Focamos em tudo que a gente acha que as crianças precisam de nós: compramos brinquedos, determinamos a cor da roupa (!), acompanhamos passo a passo o aprendizado. O que a gente talvez não entenda é que o aprendizado é nosso e elas estão aqui para ensinar.

Logo eu, que sempre falo do lado doce em adultescer, trago hoje uma nova proposta: infantilizar. Não nesse sentido metido do dicionário, que pressupõe o parecer criança como ser involuído ou de comportamento errado.

Não.

Proponho o infantilizar para trazer de volta a crença sem poréns, o sorriso frouxo, a gargalhada alta, a resposta honesta e a mágica.

Afinal, tem emoções que só florescem no imprevisível.

Photo by Caleb Woods on Unsplash

Aos amigos queridos e pais da pequena, caso vocês leiam isso, não se preocupem: garanto que a carta ficou cheia de amor e alto astral. Deixa o papo cabeça pra depois, ela vai fazer suas próprias reflexões, um dia. ❤

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Yasmin Narcizo
Revista Subjetiva

Jornalista por formação, publicitária na raça e autora do “Não tô sabendo lidar”, à venda na Amazon. Observa o mundo com olhos de quem não entende nada mesmo.