Wandavision é uma celebração da era de ouro da televisão americana

Junno Sena
Revista Subjetiva
Published in
3 min readJan 18, 2021
Imagem: Reprodução

Como um passe de mágica, uma onda dá cor e vida a Wanda e Visão, mostrando uma nova fase, não apenas para a história apresentada em Wandavision, mas também para a Marvel Studios. Com seu ar doce e engraçado, mas com detalhes sombrios e intrigantes, a nova série da Marvel é um começo ousado para a parceria Marvel e Disney. Um que já deveria ter dado início no ano passado com, os também já conhecidos pelo público, Falcão e Soldado Invernal.

Mas, o que pareceu apenas ocorrido do acaso e do COVID-19, se tornou na verdade uma vantagem. O jeito descontraído de Wandavision também é uma celebração da era de ouro da televisão. Com cada episódio ambientado em uma década, mostrando os pontos pelos quais americanos e o mundo se apaixonaram por personagens como a Samantha, de A Feiticeira, e Jennie, de Jennie é um Gênio, Lucy, de I love Lucy; começar essa nova era com uma série que celebra esses ícones midiáticos é também estabelecer que estamos num momento diferente, onde streamings são comuns e bing watching (“maratonar séries”) é incentivado pelas distribuidoras.

Resumindo, esse movimento nos lembra o caminho que o mundo das séries percorreu para chegar até aqui, mas também nos traz um gostinho novo, onde cinema e TV se encontram em uma simbiose que é difícil de colocar em palavras. Não apenas isso, mas cinema, TV e quadrinhos.

Para os fãs, é impossível ver o Visão de suéter e um sorriso no rosto, fazendo o papel de um pai de família sem lembrar do icônico quadrinho, premiado com um Eisner, Visão: Pouco Pior que um Homem. A vida pacata no subúrbio somada com aquele frio na espinha de que algo muito ruim está se aproximando permeia os dois primeiros episódios da série, assim como todas as edições da publicação escrita por Tom King e ilustrada por Gabriel Hernandez Walta.

Perceber esses e outros pormenores nessa primeira hora da série é um sopro de ar puro para os personagens de Wanda e Visão. Desde que os encontramos na franquia de filmes de Marvel, pouco dos dois foi de fato explorado. Ao ponto de várias críticas pipocarem sobre a falta de sentido ou necessidade de um relacionamento entre os dois.

A possibilidade de desenvolverem questionamentos sobre a humanidade de Visão e sobre os problemas psicológicos de Wanda, dois enredos amplamente discutidos nos quadrinhos, é um ponto positivo para essa nova leva de produções da Marvel. Um que promete focar em enredo e talvez menos em “pancadaria”.

E tudo isso com rostos que já aprendemos a amar. É inegável como Elizabeth Olsen e Paul Bettany possuem química nas telas. E a forma como Olsen consegue trazer os trejeitos de Samantha e Jeannie, mas sem perder a personagem de Wanda é a cereja do bolo. Se uma preocupação era que o enredo da “série dentro da série” fosse ficar chato ou maçante, isso pode ser deixado de lado.

Pelo contrário, é fácil dar umas risadas das loucuras do casal, mas sem perder os questionamentos que a série propõe, como: Visão não estava morto? O que aconteceu com a Wanda pós Guerra Infinita? O que está acontecendo aqui? No momento, temos mais perguntas que respostas, mas uma coisa parece certa: Wandavision já parece ser uma vitória para o ano de 2021.

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Junno Sena
Revista Subjetiva

Apenas um escritor, jornalista e designer tentando encontrar um rumo.