Zack Snyder, se pá deveria ter acontecido mesmo, ou não

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
Published in
4 min readMar 19, 2021
Direitos de Imagem: Warner/DC Comics/HBOMAX

Bem, temos aí o trailer do novo filme da Liga. Ou melhor, do filme Zack Snyder Liga da Justiça. Snyder Cut. Aquele filme que “deveria ter acontecido”.

Deixo logo de cara a minha visão sobre a visão dele: não gosto. Entendo todo desprendimento visual e a sua paixão pelo quadrinho, mas nosso querido Zack peca por não compreender o básico do que significa se inspirar em um herói. Não meu caro Padawan, quebrar o pescoço do Zod não faz aquele Superhomem ser um modelo adaptado a um mundo pés no chão. Nem muito menos marcar os bandidos a ferro e fogo para serem mortos na cadeia faz do Batman um Cavaleiro das Trevas (ou nesse sentido, literal, até que faz né?).

Se esses são nossos modelos de “único heroísmo possível em nossa realidade”, o negócio é ficar triste mesmo, porque não teremos tanta diferença entre eles e os tais vilões, não é mesmo?

Então temos a versão do diretor, com quatro horas do que seria o bruto das filmagens do filme da Liga. Olha, por mais que saibamos que os produtores não manjam nada de quadrinhos, não podemos negar que eles manjam (ou deveriam) de ganhar dinheiro.

Lembra o filme do Esquadrão Suicida, aquele que deveria ser esquecido? Imagina só se, aquilo que vimos na tela foi a versão final, não quero nem pensar no que havia de material para ser lindamente descartado. Ou você estava querendo um pouco mais daquele Coringa?

Aqui trago um ponto. Quer gostemos ou não, o filme da Liga da Justiça que vimos no cinema, mesmo com todas as polêmicas da troca de direção, refilmagem (ahhhh o bigodinho do Super), mudança de tom, poderia ser a melhor versão possível do filme.

Falo isso pois termos logo de cara o filme da Liga foi um erro por si só. Vejam os seus antecessores. Ali, por mais que tivéssemos a assinatura do Zack Snyder, caminhávamos por um ambiente desconhecido, sem identidade alguma. Isso porque nem tô falando da mudança de tom do filme Mulher Maravilha e Mulher Maravilha 84, que olha, tá difícil hein Warner/DC?

Essa falta de identidade vem desde o filme do Homem de Aço (até porque, soa mais adulto que falar Superhomem, mas fazer o que né?). Não sei se lembram, mas depois que o Super teve que quebrar o pescoço para aprender a ser bom, as críticas pesaram e teríamos um segundo filme de redenção. Depois disso, passamos para um segundo filme do Super com a participação especial do Batman, pra dar aquela alegrada nos fãs e dizer “olha, também temos um universo compartilhado”. Na sequência, passou para um filme do Super e do Batman para, enfim, um filme do Batman com a participação especial do Superman.

Não vou nem contar com a queima dos cartuchos com a aparição da Mulher Maravilha, do vilão Apocalipse e do Lex Luthor criando a Liga da Justiça com logo e tudo.

O segundo ponto surge quando você coloca a mão no coração e pergunta para si mesmo: o que esse novo/mesmo filme vai acrescentar de tão diferente do que vi anteriormente?

Talvez me responda sobre questões a serem melhor explicadas, como aconteceu com a versão estendida do Batman v Superman. Mas isso fez de BvS um filme realmente bom?

Digo, termos de mais materiais, mais cenas, o retorno do tom soturno e “real” daquele mega universo, vai transformar o filme da Liga em algo diferente? Um Bruce Wayne que sonha com o mundo pós apocalíptico e diz que isso é uma intuição do que pode vir a acontecer é realmente um argumento bom?

Termos um Superman como vilão, de novo, faz valer a pena todo esse esforço de refilmagem? Lembrem, ele destruiu a cidade e foi questionado pela população no próprio filme. Depois tomou um cacete do Batman em BvS. Agora vamos ter ele, de novo, como um vilão porque não existe um meio de torná-lo um herói que inspire o bem e a esperança?

O terceiro ponto é, depois disso, não teremos mais nada. Não existe planos para a HBOMax ou a Warner produzir mais dois filmes pra fechar a trilogia do seu criador. Sua produção, além da questão marketeira porque gera assunto, foi feito exclusivamente para saciar o anseio do Zack e seus fãs para algo que poderia ter sido.

Depois disso, continuará no campo do “poderia ter sido”, porque não será mais. Não deu liga. Não rolou. Bola pra frente.

Dito (tudo) isso, o que fica? Sinceramente, fica a oportunidade de matar a curiosidade, saber se passará raiva de novo, assistir pra demonstrar sua fé no diretor ou pra reafirmar sua posição de “não gosto”, enfim, assim como o multiverso, as possibilidades são infinitas.

Costumo o imaginar assim como vejo o Vin Diesel na sua epopeia com Velozes e Furiosos: ele abriu mão da seriedade para brincar com o seu universo, como uma criança com uma caixa cheia de carrinhos. A impressão que tenho é que o Vin Diesel se diverte fazendo um filme mais exagerado que o outro.

É como vejo o Zack Snyder. Tô ligado que pode ter um pouco de ego, sei lá. Mas, cara, compartilho da visão que ele está se divertindo tendo a possibilidade de mostrar tudo aquilo que sempre imaginou para seus espectadores.

Quer gostemos ou não. Como diria o DJ Cabide, deixa os garoto brincar.

Segue o jogo.

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