Zenitsu e a fita do Super Mario Kart

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
Published in
3 min readFeb 27, 2020
Direitos de Imagem: Estúdio Ufotable, autor e listrador Koyoharu Gotōge

Agatsuma Zenitsu

Kimetsu no Yaiba conta a história de Tanjiro, um garoto de coração bondoso, que enfrentará quem for preciso para fazer com que sua irmã seja curada do mal que a transformou em um Oni, um demônio da cultura oriental.

Bem, nosso foco nessa jornada é o caçador de demônios chamado Agatsuma Zenitsu. Chorão, inseguro, medroso e com baixa autoestima, ele costuma mostrar todo o seu potencial no único momento em que não se sente assim: dormindo.

Sim. Acredite se quiser, só com sonambulismo que ele consegue lutar.

Não contente com isso, nosso (não tão) bravo herói carrega consigo o conhecimento de apenas uma técnica, de uma dúzia que deveria ter aprendido com seu mestre.

Num momento de provação contra um poderosíssimo inimigo, Zenitsu, com todo seu medo e insegurança, prestes a ser completamente infectado por um veneno, lembra do principal ensinamento do seu mestre, Kuwajima: “Se você só consegue fazer uma coisa, seja o mestre nela”.

Foi bem nesse ponto, que não pude deixar de lembrar do meu jogo favorito de corrida no Super Nintendo, Super Mario Kart.

Zerando Super Mario Kart

Uma das coisas que mais me fascinava nesse jogo era como cada personagem tinha uma característica bem particular.

Bowser e Donkey Kong Jr. eram bem pesados. Tinham uma largada lenta, até retomarem a velocidade normal. Por contrapartida, o jogo de corpo deles lhe davam vantagem em qualquer encontrão dos carrinhos.

Yoshi, Koopa, Toad e a Peach eram leves. A largada era muito rápida e eles retomavam a velocidade logo após qualquer dano. O ponto fraco deles eram as divididas. Eles perdiam todas, iam pra todas a cada trombada.

Já o Mário e o Luigi, protagonistas da série, eles eram bons em tudo, mas não eram ótimos em nada. Largada mediana, velocidade mediana e um corpo nem tão fraco e nem tão forte. Não que isso fosse ruim, pelo contrário, nos níveis fácil e normal, eles figuram como a escolha mais segura. Porém, no nível difícil, a coisa complicava.

O nível mais difícil do jogo exigia que você fosse muito bom em algo, independente do que fosse. A barra subia e, se não houvesse alguma coisa extraordinária, que te diferenciava dos demais, seu desafio era muito mais difícil do que o nível mais difícil propunha.

Se você só consegue fazer uma coisa, seja o mestre nela

Aqui foi onde entendi sobre aperfeiçoamento. Claro, sempre ansiamos pelo aprendizado constante, por acompanhar tudo o que acontece em nosso mundo de uma vez só, banhados de informações que julgamos necessárias nossa participação.

Mas isso pode cobrar um preço, nos transformando em pensadores rasos. Não leve a palavra “rasa” como algo negativo. Enxergue a metáfora por detrás dela. Apenas olhamos nosso reflexo junto ao oceano de conhecimento e ao invés de mergulharmos, sentimos apenas o espelho d’água na palma da nossa mão.

Podemos até entender algo, mas não compreendemos em sua totalidade, ou ao menos, não nos propomos a isso, com medo de “deixarmos para trás muita coisa a se aprender”.

Aqui cabe uma curiosidade. Sabia que, se você passasse a sua vida inteira, todos os dia, a todo o momento, se dedicando a ler livros, ainda sim, não conseguiria ler todos os livros do mundo?

Já dizia o Rocky Balboa para o Adonis Creed, um passo de cada vez, um soco de cada vez, um round de cada vez.

Não é vergonha não entender tudo sobre tudo. Ver isso como algo positivo nos liberta de todas as boias que nos impedem de mergulhar em cada oceano que desafiamos explorar.

Aos poucos, sendo o mestre em cada coisa que nos propomos a aprender.

Uma última coisa.

O Mário sempre foi meu personagem favorito da franquia que carrega seu nome, mas só consegui zerar Super Mário Kart com o Yoshi.

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