Coluna Zoiudo — 13 livros para conhecer a literatura paraibana contemporânea

Revista Sucuru
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8 min readMay 6, 2021

Texto e seleção: Equipe Sucuru

A Paraíba é um estado com longa tradição literária, cujo trajetória já deu ao país grandes nomes como Augusto dos Anjos, José Lins do Rego, Ariano Suassuna, José Américo de Almeida, etc. Hoje, na contemporaneidade, o estado continua uma verdadeira “potência” literária, alavancada pela extensa produção de poetas, contistas, romancistas e dramaturgos, das mais diversas origens e filiações estéticas; ainda que, por vezes, o alcance real de tais produções não chegue ao conhecimento do grande público leitor — tanto dentro quanto fora do estado.

Visando preencher essa lacuna e estabelecer um breve panorama, escolhemos 13 obras da literatura paraibana contemporânea; produzidas por autores nascidos ou radicados no estado, com trabalhos distintos; de modo a evidenciar a multiplicidade da produção literária paraibana.

A lista a seguir — longe de ser fechada ou absoluta — não segue um ranking de qualidade ou relevância; optamos por uma lista sem hierarquias; mas considerando, sobretudo, o gosto e a identificação pessoal. Sendo assim, selecionamos publicadas recentemente por escritores paraibanos— alguns já conhecidos do grande público, outros menos conhecidos e até estreantes — como uma forma de inserir nossos leitores no universo multifacetado que é a literatura produzida na Paraíba. Sem mais delongas, segue a lista:

Nota: os textos das sinopses foram extraídos dos sites das respectivas editoras e de outras fontes na internet.

Latíbulos — Jennifer Trajano

Imagem: Divulgação

Editora Escaleras — 2019 (Poesia)

Sinopse: Refúgio, recanto, esconderijo; céu, morada dos deuses, paraíso: os sentidos da palavra latíbulo, pluralizada no título, são habilmente utilizados por Jennifer Trajano neste seu primeiro livro. A poesia de Jennifer é uma poesia espaço-sensorial, que nos desafia, em livre arbítrio e de posse de todos os sentidos, a percorrer espelhos, abismos, altares e labirintos; que nos convida a descobrir a pele do universo, a cerrar os olhos do mundo, a ouvir o agudo desejo de tato dando som à carne, a mergulhar na terceira margem do rio, a provar a delicadeza de todos os orgasmos. (Moama Marques).

A Chave Selvagem do Sonho — Anna Apolinário

Editora Triluna — 2020 (poesia)

Sinopse: A Chave Selvagem do Sonho, é uma bússola do desejo, do erotismo, são poemas que falam de outra dimensão a que os homens não estão acostumados quando escrevem poesia erótica. (Berta Lúcia Estrada — Revista Acrobata)

A Cor Humana — Isabor Quintiere

Editora Escaleras — Contos (2020)

Sinopse: “A cor humana”, livro de estreia de Isabor Quintiere, conta com dez contos permeados pelo fantástico e pelo insólito. Fortemente inspirada pela literatura latino-americana de realismo mágico, os temas principais da obra são a pequenez, a entropia, o duplo e o fim. Um de seus contos, “Madres”, foi premiado com o Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica 2019.

Uma das Coisas — Débora Gil Pantaleão

Editora Escaleras — 2020 (Romance)

Através de uma estrutura híbrida e de uma pontuação desafiadora, o primeiro romance de débora gil pantaleão, Uma das coisas, nos leva a percorrer o ano de 2019 e conhecer a história de Betina, uma menina de 13 anos que recebe de sua professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira a missão de realizar o seguinte trabalho escolar: escrever um romance. Transitando por espaços no estado da Paraíba, especialmente nas cidades de João Pessoa, Ibiara e Baía da Traição, a narrativa, ao perpassar o processo de escrita da protagonista, que decide escrever sobre a sua avó, vai desvelando seus questionamentos em torno de política, veganismo, racismo, gênero, classe, bem como sobre a história das mulheres da família e suas ancestralidades.

Julho é um Bom Mês pra Morrer — Roberto Menezes

Editora Patuá — 2016 (Romance)

Sinopse: Julho é um bom mês para morrer conta a história de Laura, uma blogueira de trinta e cinco anos obrigada a sair do seu apartamento após uma sentença judicial irrecorrível. Ignorando os reiterados avisos de demolição, ela insiste em ficar e aceitar as consequências dessa decisão e, emparedada em seu quarto do pânico improvisado, decide escrever uma carta que nunca será entregue à mãe, uma figura enigmática que Laura não vê desde a infância, enquanto o mundo lá fora rui à sua volta. Narrada de forma não-linear, a carta de despedida de Laura leva o leitor à virada do século, onde é apresentado à sua vida conturbada, seu relacionamento com a avó e a irmã, o contato com as drogas e a religião, suas inúmeras relações e decepções amorosas, além de um trágico evento do passado pelo qual ela busca redenção. Sem tempo a perder, Laura está disposta a dizer tudo o que precisa no pouco que lhe resta.

Demônios Domésticos — Tiago Germano

Editora Le Chien — 2017 (Crônicas)

Sinopse: Demônios Domésticos, livro de estreia de Tiago Germano, é uma coletânea dos textos narrativos que o autor publicou ao longo de sua carreira como jornalista. As crônicas, divididas em períodos que vão da infância à idade adulta, mostram toda a poesia e o assombro daquelas lembranças que temos que aprender a domar para seguir existindo.

O Vôo da Guará Vermelha — Maria Valéria Rezende

Editora Alfaguara — 2014 (Romance)

Sinopse: Rosálio, pedreiro e analfabeto, atravessa o país em busca de alguém que o ajude a ler e escrever. Irene, prostituta e soropositiva, conhece as letras precariamente, mas o bastante para ensiná-las. Do encontro desses dois personagens nascem as histórias que Rosálio não cansa de contar, e que Irene esperou tanto tempo para ouvir. O encanto da fala de Rosálio torna mais amena a luta de Irene contra a doença e transforma em realidade o desejo do pedreiro de ganhar a vida como contador de histórias.

Ao Homem que Eu quis — Amiel Nassar Rivera

Editora Mentes Abertas — 2021 (Contos)

Sinopse: Ao Homem que Eu Quis é tecido por cenas do cotidiano das cidades, das famílias e da alma humana. É um livro para a “caixa de brinquedo” de leitores que se animam com memórias afetivas, com o exercício da lembrança, da imaginação. O conjunto de narrativas de Amiel Nassar Rivera desfaz dualismos e aproximam água e fogo, amor e ódio, desejo e repulsa. Seus significados, simbolismos e misticismos atuam/atualizam a ideia de passagem, travessia, mudança, retorno.

Como Usar um Pesadelo — Bruno Ribeiro

Editora Caos &Letras — 2020 (Contos)

Sinopse: “Bem vindo ao ‘velho-oeste afrofuturista distópico’ que melhor retrata o Brasil de 2020. Não se intimide, saudável leitor, amável leitora. Os contos de ‘Como Usar um Pesadelo’ são bons, diretos, engraçados (para quem tem tolerância à acidez em seu humor) e extremamente violentos. Sim, se a violência é uma marca da geração 2010 (vide o sangue que escorre nas páginas excelentes de Raimundo Neto, Micheliny Verunschk e Ana Paula Maia), Bruno Ribeiro é o mestre do estilo, o Tarantino nascido em Minas e radicado na Paraíba, que pinta suas narrativas com a vermelha tinta do sangue de seus personagens.” (FRED DI GIACOMO, escritor e jornalista, prefaciador do livro.)

Liturgia do Fim — Marília Arnaud

Editora Tordesilhas — 2016 (Contos)

Sinopse: Inácio, escritor e professor universitário, um homem assombrado pela memória e pelos fantasmas de um segredo familiar, abandona a mulher e a filha, as salas de aula e a literatura para voltar a Perdição, lugar onde nasceu e viveu até os 18 anos. Com essa idade foi expulso de casa pelo pai, um homem rude e autoritário que educou os filhos com rigor e frieza. Numa narrativa descontinuada e sinuosa, em que presente e passado se alternam e se misturam, Inácio narra a infância e a adolescência em Perdição, a vida em família, a relação difícil com o pai, o terno entendimento com a mãe, a obsessão pela tia louca, os medos noturnos, o primeiro e único amor, a paixão pelos livros.

O Inventário do Pêssego — Lau Siqueira

Editora Casa Verde — 2020 (Poemas)

Sinopse: Viver é um punhado de coisas espalhadas pelo tempo. Vivemos recolhendo achados e perdidos. Quando Laís Chaffe me provocou a publicar os quatro primeiros livros, senti cheiro de pêssego. Pensei: já é tempo de fazer O inventário do pêssego. Separar, juntar, misturar. Chafurdar na germinação das sementes plantadas. Recolher do chão os frutos apodrecidos e separar os maduros. De 2011 para cá, meus livros passaram a ser editados e pré-lançados na minha terra. Foram três ao todo e, agora, essa pequena antologia com uma seleção de poemas dos quatro livros anteriores, além de alguns inéditos. Com isso, entrego à Casa Verde a quase totalidade da poesia publicada por mim até hoje, porque entendo que publicar é uma relação delicada. (Lau Siqueira)

Melikraton — Fidélia Cassandra

Editora Latus — 2013 (Poemas)

Sinopse: Das boas surpresas que a poesia brasileira contemporânea produz.
Essa coletânea é de uma poeta paraibana, e reúne alguns de seus poemas mais marcantes, onde se vê uma mescla de influências estéticas marcada pela singeleza e a espontaneidade. Com um bom trabalho na forma, mas sem abrir mão do “dizer através da poesia”, seus versos expressam sentimentos e situações reais, que em muito transmitem ao leitor o sentimento de identificação, de projeção de seu próprio ser através da literatura, com o sabor múltiplo e adocicado da bebida que dá nome ao livro.

Folha Corrida : poemas escolhidos— Sérgio de Castro Pinto

Editora Escrituras — 2019 (Poemas)

Sinopse: Este volume é mais do que especial: ele representa 70 anos de vida e 50 de poesia. Trata-se de uma seleção dentre todo o trabalho de Sérgio de Castro Pinto, organizados regressivamente: dos escritos mais recentes aos mais antigos. Constam aqui poemas inéditos e poemas escolhidos pelo próprio autor, inclusive da importante obra Zoo Imaginário, agraciada com o prêmio Guilherme de Almeida, conferido pela União Brasileira de Escritores.

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