Escritora e pesquisadora mineira investiga feminismos em novo livro de poemas (Coluna Boca a Boca)

Revista Sucuru
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4 min readJul 21, 2022
Capa: divulgação

“Não tentar domar bicho selvagem”, novo livro de Isabella Bettoni, sai pela Quintal Edições. A pré-venda está ativa até o dia 03/08.

Territorializar o afeto não é uma tarefa fácil, ainda mais se tratando de existências dissidentes, mas também evoca um sentimento (e um projeto) de coletividade. É nesse eixo que a escritora belo-horizontina Isabella Bettoni constrói seu novo livro de poemas, Não tentar domar bicho selvagem. O livro está atualmente em fase de financiamento coletivo pela Benfeitoria, podendo ser adquirido até o dia 03/08. O lançamento acontecerá no dia 13/08 em Belo Horizonte, na Casa de Referência da Mulher Tina Martins, espaço que acolhe mulheres em situação de violência e onde a autora atua como advogada.

Não tentar domar bicho selvagem tem arte de capa da artista visual Thalita Amorim, orelha da poeta Júlia Raiz e prefácio da escritora e editora paraibana Débora Gil Pantaleão. Será publicado pela Quintal Edições (editora belo-horizontina voltada à publicação de literatura feita por mulheres) e conta com os processos de produção integralmente realizados por mulheres LGBTQ+.

Os textos de Não tentar domar bicho selvagem são divididos em três seções, “Eu não tenho para onde correr. Sou só”, “Uma mulher que re-visa e renomeia” e “Uma mulher em coletivo/que tenta criar o que nunca foi visto”, que evocam certa narratividade. Assim, o livro acompanha o percurso de uma menina que, inicialmente questionando os valores tradicionais familiares, vai crescendo e travando diálogos com outras mulheres, criando uma consciência de identidade que é coletiva e se propõe a re-visar o mundo.

Não tentar domar bicho selvagem tem, como eixo central, a busca por si mesma e por projetos possíveis de outros mundos através do diálogo com mulheres e existências dissidentes. Nesse sentido, o livro traz temas como a investigação da própria ancestralidade, a descoberta e a compreensão do desejo enquanto dissidência e até mesmo a importância da escrita na produção dessa identidade. Observa-se que Bettoni traça — de maneira ativa — intertextualidades com outras escritoras brasileiras vivas, como Nina Rizzi, Grace Passô e Monique Malcher. Além disso, a partir de sua formação como pesquisadora, inclui poetas e teóricas feministas como Adrienne Rich e Gloria Anzaldúa em seus textos, transformando Não tentar domar bicho selvagem também em uma maneira de partilhar processos e reflexões:

Fronteiriça

(palavras recolhidas do texto de Gloria Anzaldúa ou

outras formas de fazer fichamento)

sou uma alma entre mundos

não tenho país, então todos os países são meus

posicionada entre, estendendo-me sobre,

como estar nas duas margens do rio

simultanea/mente

tenho que me mover constante/mente (rigidez significa

morte)

e o movimento cria, continua/mente

uma quebra

e uma síntese

é preciso abraçar a ambivalência a multiplicidade

a perplexidade: inúmeras possibilidades me deixam à

deriva

em mares desconhecidos

a inquietude

podemos trilhar uma outra rota”

De acordo com a autora, o livro surge principalmente de um intenso diálogo com a literatura que vem sendo produzida por mulheres hoje. “Este livro nasceu na pandemia”, conta, no posfácio, “Foram as várias oficinas virtuais que me possibilitaram conectar com mulheres-escritoras de todo o Brasil e me entender então: poeta”.

Emprestando as palavras de Júlia Raiz para a orelha, portanto, entende-se que há, em Não tentar domar bicho selvagem, uma proposta de rompimento na poesia da belo-horizontina. “As pessoas que foram classificadas como mulheres são aquelas que colocam para fora o que deveria ficar dentro. Suas vozes são perigosas em espaços públicos. O que é uma feminista se não um corpo que faz perguntas insuportáveis?”, escreve.

Não tentar domar bicho selvagem está atualmente em campanha de financiamento coletivo pela Benfeitoria até o dia 03/08. Nesse formato, é possível apoiar com valores que variam de R$ 30,00 a R$ 150,00, que levam junto outros brindes além do livro. Dentre as recompensas estão o pôster da capa, uma plaquete autoral artesanal e um exemplar da antologia Antes que me esqueça — 50 autoras lésbicas e bissexuais, também publicada pela Quintal Edições, da qual a autora participa.

Sobre a autora

Isabella Bettoni nasceu e vive em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde atua como advogada feminista, pesquisadora e escritora. Seu primeiro livro, Brincando de fazer poesia, foi lançado em 2008 pela Editora Uni Duni com poesias para crianças em fase de alfabetização. Participa de cinco antologias, com destaque para Antes que eu me esqueça: 50 autoras lésbicas e bissexuais hoje, da Quintal Edições (2021) e Coleção Desaguamentos Vol. I — Poesia de autoria feminina, da Editora Escaleras (2021). Além disso, integra a equipe do Portal Fazia Poesia, venceu a I Batalha do Festival Poesias que Inundam e tem textos publicados em portais e revistas como Ruído Manifesto, Tamarina, Mormaço, Declama Mulher, Revista La Loba e Revista Minha Voz. Está no instagram como: @bellabettoni.

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serviço:

Assessoria de imprensa da escritora Isabella Bettoni

Jornalista: Laura Redfern Navarro

Contato: nyahana99@gmail.com +55 (11) 999001682

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