Fernando Salles
Revista Transversal
4 min readApr 2, 2019

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1° de Abril

Mentira.

“Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.
Brasília, 25 de agosto de 1961.Jânio Quadros”

Mentira.

“Estamos vivendo uma hora histórica. O governo que foi criado pelo Congresso Nacional, e em seu nome é exercido, pratica o solene ato inaugural do seu efetivo funcionamento ao submeter, à patriótica consideração dos ilustres representantes do povo brasileiro, o seu plano de ação político-administrativa, a que pretende submeter e condicionar toda sua existência.
Brasília, 08 de setembro de 1961. Tancredo Neves.”

Verdade.

“Não compreendemos por que qualquer cidadão, vivendo num país como o nosso, em que são plenas as franquias democráticas, se sente no dever de negar à democracia o direito sagrado de o povo exercitá-la livremente. Não será demais dizer que somente através da vontade do povo é que se constroem e se fortalecem os regimes. E também através dela que poderemos consolidar em nossa pátria o regime de representação em que vivemos e haveremos de viver pela vontade do Brasil.
São Paulo, 06 de janeiro de 1963. João Goulart.”

Verdade.

“Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, e pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil.
Rio de janeiro, 13 de março de 1964. João Goulart”.

Mentira.

“O povo está cansado das mentiras e das promessas de reformas demagógicas. Reformas sim, nós a faremos, a começar pela reforma da nossa atitude. De hoje em diante os comunistas e seus aliados encontrarão o povo de pé. […] Com Deus, pela Liberdade, marcharemos para a Salvação da Pátria”
São Paulo, 19 de março de 1964. Comunicado lido no dia da manifestação da marcha da família”

Mentira.

“Faz mais de dois anos que os inimigos da ordem e da democracia, escudados na impunidade que lhes assegura o Sr. Chefe do Poder Executivo, vêm desrespeitando as instituições, enxovalhando as Forças Armadas. Na certeza de que ele está a executar uma das etapas do aniquilamento das liberdades cívicas, as Forças Armadas não podem se silenciar diante de tal crime. Minhas tropas, numa hora dessas, marcham para o estado da Guanabara em busca de vitória”
Minas Gerais, 31 de março de 1964. Olímpio Mourão Filho.

Mentira.

“A presidência deve então concluir a sua comunicação. O senhor presidente da república deixou a sede do governo. Atenção: o senhor presidente da república deixou a sede do governo. Deixou a nação acéfala. Numa hora gravíssima da vida brasileira, em que é mister que um chefe de estado permaneça à frente do seu governo. Abandonou o governo… E essa comunicação faço ao congresso nacional. Esta acefalia… Esta acefalia configura a necessidade do congresso nacional como poder civil imediatamente tomar a atitude que lhe cabe nos termos da constituição brasileira para o fim de restaurar nessa pátria conturbada a autoridade do governo e a existência de governo. Não podemos permitir que o Brasil fique sem governo, abandonado. Há sob a nossa responsabilidade a população do Brasil. O povo. A ordem. Assim sendo declaro vaga a presidência da república. E nos termos do artigo 79 da constituição declaro presidente da república o presidente da câmara dos deputados, Ranieri Mazilli. A sessão se encerra.
Brasília, 01 de Abril de 1964. Auro de Moura Andrade”

Golpe.

Verdade.

“Senhoras e senhores constituintes.
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as reivindicações das ruas. A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes do discurso de posse como presidente da Assembleia Nacional Constituinte.
Brasília, 02 de fevereiro de 1987. Ulysses Guimarães”

D e m o c r a c i a

Mentira

“Se você tem a mesma idade que eu… Pouco mais, pouco menos, sabe que houve um tempo que nosso céu, de repente, não tinha mais estrelas de outros… Nem nossa vida, nem nossos campos, e bosques mais flores e amores. Se você é jovem já deve ter ouvido isso dos seus pais, mas, se você quer mais detalhes quer depoimentos, quer ter certeza de que isso é verdade… Faça uma pesquisa, consulte os jornais, revistas, filmes da época. Você vai ver … Era sim, um tempo de medos e ameaças. Ameaças, daquilo que os comunistas faziam onde era imposto sem exceção. Prendiam e matavam seus próprios compatriotas. Havia sim, muito medo no ar, greve nas fábricas, insegurança em todos os lugares… Foi aí que conclamaram por jornais, rádios, TVs e principalmente pelo povo na rua, povo de verdade, pais, mães, igreja, que o Brasil lembrou que tinha um exército nacional e apelou a eles… Foi só aí que a escuridão foi passando, passando e fez-se a luz. A bandeira verde e amarela voltou a tremular e o medo deu lugar à confiança no futuro. O exército nos salvou. O exército nos salvou. Não há como negar… E tudo isso aconteceu num dia como o dia hoje: um trinta e um de março… Não dá pra mudar a história.
Brasília, 31 de março de 2019. Discurso divulgado em vídeo pelo palácio do planalto”

A cadela do fascismo está sempre no cio.

Castre-a.

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Fernando Salles
Revista Transversal

Fernando escreve, fotografa, dirige, chora, advinha e passa raiva