pierrot le fou, godard, 1965

anotações sobre experiência/performance/poesia contemporânea etc

Ana Luiza Rigueto
Revista Transversal
1 min readMar 18, 2019

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(anotações gerais 1)

pensar a performance como salto estético, dançarino. a performance é a tensão tripla entre corpo, experiência e discurso.

a experiência seria a força (estilhaçada) do real corporificada e modelada pela escrita e pela voz na poesia, resultando em performance.

a poesia contemporânea, ao ocupar-se da escuridão, do inapreensível, da quebra, deve encarnar o não-automatismo. ou seja, a vida é deslocada, perpetuando uma sensação, uma presença, um giro continuado que atrai o olhar.

não podemos chamar esse salto puramente de “discurso” posto que entraríamos no campo da retórica. tampouco de “biografia”. o trabalho do poeta não é falar a verdade ou descrever a vida. é um salto performativo. há esgarçamento dos limites entre encenação e realidade. a performance é o que da experiência se formulou e deslocou em imagem e subversão de ritmo.

equiparar a vida comum ao empreendimento mágico da poesia, ou melhor, grudar a vida na poesia de forma a justificá-la ou provê-la de sentido, é o mesmo que apanhar o poeta em pleno salto: interrompê-lo no procedimento de arte.

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