La tête
La tête, la tête, o telhado, a cabeça. A cabeça desabou. Pegou fogo, fogo! Feu! Incêncio, incêndio, incêndio! Eu grito, eu choro, eu rio. Onde foi parar, parar minha cabeça? Ah!!! É tanta dor, é tanta dor, não ter cabeça, não sinto dor de cabeça e sinto dor, tanta dor.
Mas é preciso parar
sem a cabeça
continuar
como dama cavaleiro
mula.
Eu sou mula. Pertenço a esta cidade, a você que joga guimbas de cigarro nos meus pés, o fogo que te deu aquela tosse, de querer por tudo pra fora, as tripas, as vigas metálicas, tudo. Eu sou tudo, e resta-me esta estrutura de oitocentos anos.
Que sei eu, nas minhas pedras, de fogos de artifício?
Que sei eu, aqui fincada, de princípios de incêndio?
Que sei eu, que sei eu, de revoluções e reformas e restos restos restos?
Quem me dera ter de novo a cabeça, prontinha para a guilhotina da vida.