poesia em tempo de pequenas mortes

Paloma Palacio
Revista Transversal
1 min readApr 5, 2019
frame do filme Torquato Neto — todas as horas do fim, de Eduardo Ades

I — mesa de corte

Enxoto a culpa

com anos de navalha

Entorto os planos-metralha

pra caber

Na mesinha metralhadora de planos — corrijo, Hoje

sou ave

me alço

II — mineirinho

Cabelo nego duro preto

atemora

ressaltado pelos cantos crisp de cebola

que se esfarela no canto, o sangue

da boca

III — batwoman

voo rasante.

hoje eu preciso

ditar a lei dos mortos, hoje

sou pantera do avenir

serro o futuro forense

o mastro, a caralho

o estandarte

o calhamaço francês

como a língua atrás da vidraça, hoje

sou paga: boquete de letras

cada espasmo,

anti-gozada

IV — drops do dops

vociferaram os búfalos

é coisa forte de falar

tortura-se a surdo

é coisa

para de falar

*

castraram o poema.

cortaram-lhe fora.

o poema

sobrou

jorrou

poesia

aos murros, aos

surdos, aos

*

houve

-um estampido.

-ouve?

V — ismoterror

prezado

aviso que vou matar

o próximo

ser humano a

VI — fórum

Crianças em delírio coletivo

a princípio foi jesus cristo

depois

youtube com isso

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