Pareamento: minha primeira experiência com essa prática

Vencendo o medo de ser a mão que escreve códigos de softwares

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Eu sempre tive medo de codificar.

Uma mulher negra, cabelos curtos, com uma blusa branca e as mão repousadas na testa. Está com a expressão de frsutração, com um notebook a sua frente
Eu não faço ideia de como começar isso

Desde o início da minha carreira como Analista de Qualidade (QA), eu tinha pesadelos com linguagem de programação e, por ter passado por uma transição de carreira (momento que retratarei em outro artigo), eu passei a ouvir que, para que eu tivesse sucesso como QA, precisaria urgentemente saber codificar. Isso só aumentava o meu desespero.

Como minha autoestima me afetava

Pensar em ter conhecimentos técnicos da área de tecnologia me fazia tremer. No meu subconsciente, algo me dizia que eu não poderia fazer algo tão inteligente. Suava só em pensar na possibilidade de programar. Me assustava pensar que precisaria saber lógica, IDEs, escolher a linguagem de programação apropriada para cada aplicação…

Para piorar a história, eu me interessei pela automação de testes de softwares, ou seja, eu precisaria entender sobre codificação .

Uma mulher negra com uma das mãos no queixo. Na mesa contém um notebook e uma agenda aberta, com os óculos sobre ela. Na outra mão contém uma caneta. A mulher tem cabelos curtos, está vestindo uma jaqueta e possui um adereço no cabelo
Será que consigo?

A busca por mais conhecimentos

Querendo saber mais sobre a área, comprei cursos, participei de eventos e comecei a ouvir pessoas mais experientes e referências na área de QA e segui as dicas sobre o assunto.

No primeiro item, precisava entender sobre lógica de programação; segundo, escolher uma linguagem mais usual e entender sobre ela e terceiro, automatizar uma aplicação, praticando sempre que eu pudesse. Dessa forma eu estaria apta para oportunidades valiosas dentro da área de testes de software.

Com o passar do tempo, o medo de código ainda estava muito presente, mesmo buscando seguir os passos das pessoas que obtiveram sucesso automatizando. No primeiro trimestre de 2021, eu comecei o Programa de Testes e Qualidade de Software, do Júlio de Lima, pois precisaria entender mais sobre estratégias de testes.

No pacote do curso. Adivinha? Pois é! Não só teve módulo de automação, como também em grande quantidade.

Durante o treinamento, eu tive contato com outras pessoas que já atuavam como QA e que automatizavam com maior autonomia. Com isso, aquele sentimento de inferioridade foi desaparecendo aos poucos e, em um dos módulos, no qual conhecemos um pouco sobre o JUnit, tive contato com Java. Confesso que gostei, e entendi que não era aquele bicho de sete cabeças que eu pensava.

Em imagem há três mulheres negras. Á direita temos uma mulher com uma blusa de manga comprida florida e cabelos soltos na altura do pescoço. Á esquerda temos uma mulher com uma blusa de mangas curtas amarela, saia cinza e lenço nos cabelos. Ao centro, temos uma mulher com blusa de mangas curtas e gola "v"preta e saia florida. Todas estão dançando
Sim, eu consigo!

Tá, mas não era para contar como foi a primeira vez em que pareei?

Sim, Exatamente! Mas eu não poderia deixar de contar um pouco sobre minha trajetória até esse momento.

Sem mais delongas, vamos lá!

Eu contei que tive contato com Java, não é mesmo? Então, juntamente com ele, durante o programa, eu ouvi muito sobre a importância do pareamento e o papel do QA em um time, algo que me fez refletir muito sobre o modo como eu conduzia o meu trabalho e o que eu deveria mudar.

Na minha segunda semana como QA em uma grande organização, Thoughtworks, eu tive a oportunidade de participar de uma dinâmica em que eu era a única QA do grupo juntamente com seis pessoas desenvolvedoras de software. Para programarmos usaríamos como IDE o Intellij, o Java como linguagem e o JUnit como framework para praticarmos o TDD ( Desenvolvimento guiado pelos testes). Eu nunca tive tanto medo de falhar na vida.

Estava na minha segunda semana como contratada, em uma organização que eu amo e precisava mostrar meus dotes como Consultora de Testes e Qualidade de Software.

Surtei. Como resolver isso? Bom, não foi fácil, mas eu respirei fundo e comecei a buscar em minhas lembranças tudo sobre o Programa de Testes e Qualidade de Software, onde aprendi a como usar o JUnit, as dicas que eu tinha ouvido dos profissionais e colegas de turma e como o meu papel era importante para o time.

Respirei fundo e, como estávamos construindo os testes em conjunto, tomei para mim a responsabilidade de guiar os desenvolvedores, e pedi a ajuda com os comandos de código que eu provavelmente não saberia. Como resultado, criamos inicialmente alguns testes unitários e construímos uma aplicação simples para efetuar cálculos básicos.

Em imagem temos 5 pessoas negras em volta de um computador desktop. Dois homens encontram-se nas pontas do grupo, ambos com camisas de manga comprida e cabelos bem curtos. Há duas mulheres de frente ao computador ambas com cabelos na altura do pescoço e blusas com mangas curtas. A quinta pessoas, uma mulher, encontra-se ao fundo do grupo, vemos apenas o rosto
A ideia do pareamento

E aí, perdeu o medo da codificação?

Dizer que não tenho mais receio em lidar com codificação e entender o que cada linha está me mostrando sobre a aplicação seria loucura da minha parte. O mais importante disso tudo é saber que esse sentimento não impediu que eu colaborasse com meu time, sendo a pessoa que estava escrevendo o código.

“O medo não pode paralisar a gente”. Ouvi essa frase de uma pessoa e tomei para a minha vida. Saber a importância que o seu papel tem no time, seja ele ágil ou não, e entender as suas dificuldades para que elas não prejudiquem o seu crescimento é importante. O medo sempre vai existir, vamos falhar em algumas oportunidades, e estará tudo bem.

O aprendizado que obtive com tudo isso foi que eu posso sim aprender algo novo, todos os dias. Que programação não é apenas para alguns perfis, que ser um QA vitorioso na carreira não significa ser Jedi da automação, mas que essa pessoa entendeu a sua importância, transformou suas limitações em oportunidades de melhoria, e buscou aprimorar suas habilidades todos os dias.

Um grupo de mulheres, imagem retirada do filme "Estrelas além do tempo", cena em que uma das protagonistas traz a sua equipe para trabalhar no servidor
Os nossos conhecimentos precisam ser somados

Espero que este breve relato te ajude a compreender que você, pessoa que testa aplicações, não está sozinha. Temos os nossos desafios, mas podemos superá-los. A ideia é partilhar o que sabemos.

Cada integrante do time tem algo para acrescentar, pense nisso como brainstorm.

Não é necessário ter anos de experiência ou ter feito a atividade diversas vezes para poder dar uma contribuição, por menor que esta lhe pareça. Dessa forma o aperfeiçoamento e a busca pelo conhecimento será contínuo, o que é muito importante.

Essa é a beleza da pareamento, a colaboração contínua em busca do seu crescimento e consequentemente, do time.

Caso queira bater um papo comigo, segue o meu LinkedIn.

Agradeço muito a colaboração da galera fantástica do PTQS Victoria Raupp, Gabriel Santos e Cristhiane Jacques vocês são demais! Muito obrigada de coração para um cara ímpar Rafael Bandeira que tem me inspirado demais. E minha amiga, parceira Jeane Bispo que está sempre ao meu lado e mais do que uma colaboração, me incentiva e impulsiona a sempre esperar o melhor de mim.

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Bruna soares de jesus
Revista eQAlizando (antiga Revista TSPI)

Baiana, de Salvador. Consultora de Qualidade na Thoughtworks e Engenheira Mecânica. Apaixonada por Qualidade de softwares e na mudança social consequente dela