Os Crimes da Rua Morgue, de Edgar Allan Poe
Meu primeiro contato real com Poe foi Medo Clássico, lançado pela DarkSide. Foi, também, meu primeiro contato com os contos que fazem parte desta coletânea. Os Crimes da Rua Morgue une dezoito contos com resoluções incríveis do detetive Dupin, conhecido como um dos precursores do famosíssimo Sherlock Holmes.
E não à toa: Dupin é inteligente, sagaz e liga pontos que eu e você passaríamos dias tentando conectar. Ele, assim como Holmes, vê mais do que uma cena simples nos diz — isso em plena Paris do século XIX. Sua capacidade analítica, por exemplo, o leva a resolver seu primeiro caso: a morte de mãe e filha. Observando os fatos, o detetive percebe, nos pequenos detalhes, um roteiro que seria impossível caber a qualquer humano. E a resolução, surpreendente, segue uma explicação tão lógica que só nos cabe aceitar.
Mestre do terror, Poe se destaca nos contos “O Gato Preto” e “Enterro prematuro” — o primeiro pautado no assassinato de uma mulher pelo marido, o segundo se inspirando na catalepsia para criar uma cena ideal para o pior terror possível: ir parar debaixo da terra quando ainda se está vivo. E como colocar na balança quando o texto é escrito unindo uma genialidade que vai muito além de “O Corvo”?
A tradução de Clarice Lispector é impecável, como não poderia ser diferente. E a edição cuidadosa da editora Rocco acompanha a narrativa do livro de forma a torná-la completa em todos os sentidos. São 224 páginas que unem as melhores histórias do escritor.
Dentre os destaques do livro, também temos “O coração denunciador” e “Manuscrito encontrado numa garrafa”, cujos desenvolvimentos são tão bons quanto os dos outros contos já citados e o final surpreendente os encerra de um jeito ideal.
Para apaixonados por terror, este livro é leitura obrigatória.
