Quer desafio melhor do que falar sobre Rock n Roll?

Ou “Uma breve história do Rock”

Bia Vieira
Versificados
8 min readNov 22, 2017

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Desde bem nova e por influência do meu irmão tomei gosto pelo ritmo que influencia e influenciou não só a minha vida como a história de toda segunda metade do século XX. Imagina o que seriam das grandes revoluções, dos grandes movimentos sociais sem os seu ícones? Muitos deles dentro do rock. Não existem dúvidas, nada teria sido igual sem Jerry Lee Lewis, Beatles, Stones, Metallica e por ai vai. O texto de hoje vai mostrar um pouco sobre como o Rock influenciou e mudou o mundo, porque rock não é só música, rock é atitude, rock é revolução.

Em 1951 nos Estados Unidos surge a primeira música considerada de rock. Que veio revolucionando com uma mistura entre o country que seria um ritmo para pessoas brancas e o Blues que era considerado na época música apenas para negros. A primeira atitude rock n roll surge quando jovens brancos e negros se reuniam em casas proibidas para escutar e dançar o som de Jackie Brenston, cantor e saxofonista, compôs e apresentou junto do seu grupo os Delta Cats “Rocket 88” vale a pena conferir o som, disponível hoje em qualquer YouTube ou Spotify da vida. Albert James, principal DJ que tocava nestas casas “proibidas” foi quem intitulou o ritmo como Rock.

Após o surgimento emblemático e já revolucionário, surge em 1954 Elvis Presley, que ficaria conhecido como o “Rei do Rock” uma figura emblemática por si só, Elvis criou um novo jeito de se vestir, de se portar, conquistou todo o público feminino, criou o “twist” que foi um estilo de dança revolucionário na época.

Elvis por ROGER MARSHUTZ — MPTV

Elvis ditou comportamento dentro de toda uma geração. Inovando com o estilo Rockabilly que envolvia a dança com elementos da música country, daí as jaquetas de couro e os topetes que ainda hoje se vê nas pessoas de estilo mais rock e voltado para o ritmo. O primeiro single lançado por Elvis se chama That’s All Right Mama, vale a pena conferir também!

Chuck Berry que embalou a famosa canção “Johnny Be Good” foi um dos primeiros músicos a dar voz para a guitarra elétrica, trazendo pra dentro da cultura rock mais um elemento emblemático. O Guitarrista infelizmente nos abandonou em 18 de março deste ano, mas com certeza deixou sua marca na história do rock e do mundo.

Após Chuck Berry colocar as guitarras para dançar e ganhar vida própria, surgem os primeiros influenciados inegáveis do Rockabilly de Elvis Presley. Que misturam elementos de praia ao ritmo, criando a Surf Music, a música era mais acelerada e dançante, entre seus executores podemos citar por exemplo “The Beach Boys”.

Após este emblemático nascimento, o rock derrubou fronteiras se expandindo para o mundo todo. Esta expansão resultou num marco que tornaria o rock imortal. Bandas surgiam pra todos os lados, inclusive a Inglaterra, dentre elas os famosos “The Beatles” mundialmente famosos, os jovens inicialmente misturavam a surf music com o soul, depois expandiram sua inteligência musical e genialidade para os mais diferentes elementos dentro da música como um todo, revolucionando tudo que se tem de música atualmente.

The Beatles por JOHN DOWNING em GETTY IMAGES

Ainda nesta expansão mais tendendo para um outro lado, surge na mesma época, ainda na Inglaterra os “Rolling Stones”. Com uma proposta diferente dos Beatles, mas ainda assim, cheios de inovação, revolução e atitude, era possível dançar e curtir mas a proposta era diferente, os Beatles faziam a linha “Bom garoto” e os Rolling Stones eram mais “Bad Boys”, havia uma rivalidade entre os estilos, mas nada violento, apenas diferenças características. Mas é inegável que ambas as bandas influenciariam tudo dentro da música que surgisse posteriormente, e influencia até hoje.

Em 1965 surge a banda “The Who, que influenciou o surgimento de bandas de garagem, com o som mais pesado, rápido e misturado. Junto a eles o revolucionário e Audaz Bob Dylan, pai do Folk Rock, extremamente ativista e antenado com as causas sociais de seu tempo, é respeitado por quase todo mundo do meio musical e tinha uma certa genialidade em suas letras. Muitas pessoas pensam que “Knock On Heaven’s Door” é do Guns n Roses por ter ficado conhecida na voz de Axel Rose, mas na realidade esta música foi composta por Bob Dylan.

No final dos anos 60 surge o Rock Progressivo, com bandas como Rush. As músicas ganham uma roupagem diferente com teclados e outros instrumentos que dariam um ar psicodélico as músicas. Dentro desta linha psicodélica podemos citar gigantes como Pink Floyd, Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Doors e por ai vai. Junto destas bandas surge o estilo Hippie, um estilo de vida livre, depreendido de preconceitos, julgamentos, patriarcalismo.

Jimi Hendrix por ALAMY

Roupas coloridas tomaram o lugar do preto, ser liberdade era a temática, envolvida ainda com álcool e drogas. Mas é inegável que muito da revolução sexual surgiu por influência do movimento Hippie. No mesmo período de surgimento do movimento Hippie surgia o Glam Rock, que misturava elementos da psicodelia com a Arte e a Performance. Muito do que se vê em termos de postura de músicos nos palcos hoje, se deu por influência deste estilo. Havia maquiagem, teatro, dança, ia além da música, era um espetáculo. Sobre o Glam podemos citar artistas como David Bowien.

Woodstock merece um parágrafo a parte, como explicar uma manifestação cultural tão revolucionaria a ponto de mudar toda uma visão de mundo. Víamos cair por terra milhões e conceitos arcaicos em cada um dos 3 dias daquele 1969. Haviam todos os grandes mestres da música, dança, festa, sexo, drogas, movimento Hippie, nudez, banho de lama. Woodstock mudou o mundo e marcou o Século XX para sempre. Nunca na história da música se viu um outro festival como este. Mas sem dúvida muitos dos festivais que temos hoje, como o Rock in Rio e o Lollapalloza existem por influência de Woodstock. Não há palavra que defina melhor do que revolucionário.

Daí em diante, entre os anos 70 e 80, milhões de bandas e vertentes novas dentro do rock surgiam. O Hard Rock surge com vozes potentes e melodias fortes, muito se falou sobre amor ao som de AC/DC, Kiss, Iron Maiden, Judas Priest, Black Sabbath. Não havia muito o que classificar já que todas as bandas eram hibridas em influencias.

AC/DC por ROCK & ROLL HALL OF FAME LIBRARY & ARCHIVES

O que é possível se afirmar é que nos anos 70 surge o Metal e suas primeiras vertentes, ritmo tradicionalíssimo e muito vivo até hoje. Ainda na vertente do Rock mas com uma roupagem menos “Dark”, “Black” podemos citar o Skid Roll, o Poison e outras bandas que eram conhecidas como bandas de Arena, pois eram capazes de encher estádios inteiros de fãs como o Queen, Led Zeplin, Guns n Roses, Deep Purple, Metallica, Bon Jovi e por ai vai.

Do lado revolucionário e menos comercial, falando sobre drogas, sexo, direito das mulheres e dos animais, política, tabus, com uma veia mais anárquica e contrária ao status quo e a manutenção do sistema surge ainda nos anos 70 o Punk Rock. Um som pesado, gritado e de protesto constante. Nesta linha podemos citar no lado inglês a emblemática banda Sex Pistols e nos Estados Unidos surge o Ramones.

Do punk surge o Skate punk, o hardcore, e outros estilos pós-punk como o new wave e o emocore que traziam de volta a temática do amor. Nestes estilos podemos citar bandas como o The Cure e os craques inegáveis do The Police. Nos anos 90 as bandas pós punks passaram a ter tantas influencias mescladas que é difícil dar definição elas, como é o caso do REM, Offspring e Green Day.

Falando em anos 90 é impossível não falar sobre o surgimento do Grunge que calou as bocas de todos que acharam que não viria mais nada novo e que seria o fim do rock n roll. Guitarras distorcidas, sujeira, vozes mais roucas e ricas em efeitos. Nesta linha podemos citar o famoso Nirvana, o Alice in Chains, Pearl Jam, Red Hot Chilli Peppers que não seria exatamente grunge, mas sofreu influência do movimento e surge na mesma época, mas com uma roupagem mais californiana.

Red Hot Chilli Peppers

Na outra linha contrária ao punk surge o neo-psicodelismo com bandas como U2, Smash Pumpkins e Oasis (numa linha mais britânica), com uma roupagem um pouco mais politizada. Ao final dos anos 90 vimos surgir o new metal, o emocore screamo que era mais sofrido e ainda o indie rock, que adentraram os anos 2000 e influenciaram a geração dos vintões quase trintões de hoje (no caso a minha geração).

Bandas como Linkin Park, Slipknot, Korn, vieram representar o que serio o New Metal. Com uma linha um pouco mais Death temos também o Sepultura. Na linha mais Emo que estourou no meio dos anos 00 podemos citar My Chemical Romance, Fall Out Boy, Panic At The Disco, etc.

Na linha Indie explodiu ao final dos anos 00 e perdura até os dias atuais bandas como Arctic Monkeys, Strokes, Two Doors Cinema Club e muitas outras, um estilo diferente que mistura sons eletrônicos com guitarras distorcidas, um new hippie conhecido como hipster, politizados, cultos e alternativos.

Arctic Monkeys por GABRIEL OLSEN em RED BULL CONTENT POOL

Temos ainda o K-Rock, J-Rock, o Viking Rock, o Black Metal, o Trash Metal o Rock Industrial, toda a história do Rock Nacional, enfim são milhões de vertentes e estilos, cada uma delas revolucionando gerações a sua maneira.

Bem tudo que foi dito aqui não é nem um terço do que o rock representa hoje, tentei ser simplista, pois senão o texto ficaria mais extenso e cansativo do que já está. Mas o rock é parte da história do mundo.

Mudou consciências, civilizações, quebrou tabus, venceu preconceitos, uniu gerações, o rock é universal. Há quem diga que ele está morrendo, eu discordo, está bem vivo dentro de mim. Ainda hoje ainda podemos encontrar muitas bandas boas, muitas propostas rítmicas que se estivermos dispostos a abrir nossos ouvidos e nos desarmarmos de nossas barreiras tradicionalistas e preconceituosas vamos gostar e respeitar.

O rock tem uma chance, os fãs do estilo é que precisam se desarmar e deixar o ritmo fluir. Muitos de nós estão presos ao passado e não estamos sabendo nos revolucionar, essa é a grande lição que o rock sempre passou e nossa geração de certa forma está desaprendendo. Respeite a história do rock, mas sempre experimente o novo, o rock nunca vai morrer.

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Acreditamos no crescimento pessoal através da cultura. Por isso, investimos em uma abordagem simples e direta focada em literatura, música, séries, filmes e outros tipos de arte, trazendo resenhas, críticas e reflexões.

Bia Vieira
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Written by Bia Vieira

Formada em Filosofia, pós-graduacao em Psicanálise Clínica, trabalho como Tatuadora, Modelo Alternativa e Faço parte de um projeto musical em uma banda Cigana.