Direitos e desprezo

Alexandre Rodrigues Alves
Revista Acréscimos
3 min readJan 5, 2019

O número de campeonatos de futebol internacional não transmitidos na TV esportiva chama a atenção, assim como a falta de explicação para o assinante

Logo da Copa da Ásia, que começa neste sábado nos Emirados Árabes Unidos.

Ontem (4/1) começou a terceira rodada da Copa da Inglaterra, tradicional competição eliminatória que, nesta fase especificamente, tem a estréia dos clubes da primeira divisão do país. Hoje, começa a 17ª edição da Copa da Ásia, torneio continental que contará com 24 seleções, inclusive a “intrusa” Austrália, que geograficamente falando, fica na Oceania.

O que essas duas competições tão distintas têm em comum? Nenhuma delas terá transmissão na TV brasileira, nem mesmo nos canais esportivos. Óbvio que a alternativa da internet não pode ser descartada e pelos chamados links “piratas” é possível ver a partidas desses torneios. Mas não deixa de ser triste ver o desprezo que os canais esportivos do Brasil vem mostrando pelo futebol propriamente dito. A não transmissão de competições importantes como essas é um retrato do momento em nossas emissoras, deixando claro que, hoje em dia, o que vale é a fofoca, a especulação, ainda mais nessa época do ano.

Até entendo que exista uma crise econômica no Brasil e, junto à ela, um aumento nos valores do que é pedido pelo direito de transmissão de cada campeonato internacional. Mas eu tenho de dizer que não sei se existe um real interesse em fazer algo mais abrangente, que mostre o futebol de fato. É bem evidente que é mais fácil e barato fazer mesas redondas falando dos mesmos times ad eternum, e as programações atuais das emissoras de TV esportivas (ou futebolísticas)do Brasil mostram isso. Mas não deixa de ser triste e lamentável como alguns campeonatos são desprezados pela nossa imprensa.

A Copa da Inglaterra, tradicional competição da “terra da Rainha”, também não terá transmissão no Brasil nesta temporada.

Eu não tiro a culpa de parte do público por essa situação e isso é bem claro pois, se não tivessem público, os intermináveis programas de debate e sobre especulações do futebol não continuariam a ser exibidos. Mas é aquilo: esses programas dão ibope porque só passam isso, ou só passam isso porque dão ibope? Tendo a crer que a culpa é das duas partes.

Temos de lembrar também que não existe um acompanhamento sério do futebol no mundo em canal algum. As emissoras possuem o péssimo hábito de nem mesmo informar ou dar alguma satisfação dos motivos que levam a não transmitir determinada competição. Pra mim é algo que denota desrespeito a quem assina os canais, mesmo levando em conta e entendendo a situação econômica que citei acima.

Sobre a audiência, podemos dizer que é um caso a se pensar se realmente existe público para um programa mais abrangente, mas parto do princípio que, mesmo os canais de TV por assinatura sendo comerciais, eles são segmentados, ou seja, são voltados para aficionados de gêneros específicos; sendo assim, no caso, deveriam abordar mais temas do esporte, não só do futebol, é bom dizer.

Na parte específica do esporte bretão, creio que um acompanhamento maior para campeonatos não tão falados faz falta, ainda que entenda as razões por ele não acontecer, assim como as transmissões. Só não deixo de lamentar pois me chama muito a atenção o fato de nem darem qualquer explicação sobre o fato de não transmitirem vários campeonatos, o que é uma pena.

Como disse em outro texto sobre o futuro das transmissões esportivas, a tendência mostra que o caminho é irmos cada vez mais para o streaming com as transmissões na internet. Mas mesmo assim, penso que quem possui um serviço caro como o de TV por assinatura e gosta de futebol, merecia um melhor tratamento e principalmente mais opções na hora de ver alguma partida ou campeonato. O cardápio atual acaba sendo muito restrito.

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