“Acreditamos que poderemos voltar a ser livres no Tibet”

Tsewang Phuntso, diretor da Tibet House Brasil, fala sobre
compaixão, esperança, desafios e superações nesta entrevista exclusiva

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RevistaBodisatva
4 min readAug 24, 2017

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“A cultura budista tibetana é uma cultura de paz e não-violência. Sua preservação é muito necessária pois é uma tradição de paz, amor e compaixão. Por intermédio da cultura tibetana, podemos contribuir para criação de um mundo mais feliz e pacífico através da paz interior e de uma mente calma.”
Sua Santidade o XIV Dalai Lama, Tenzin Gyatso

Tsewang Phuntso, durante entrevista com a Revista Bodisatva. Foto Luciana Zacarias

A Bodisatva conversou com o representante de Sua Santidade Dalai Lama na América Latina, Tsewang Phuntso, diretor administrativo da Tibet House Brasil— Centro do Patrimônio Cultural e Espiritual do Povo Tibetano, em São Paulo. Dedicado a preservar e promover a herança única espiritual e cultural do Tibete, Phuntso fala sobre os interesses principais da Tibet House Brasil, baseados no compartilhamento da tradição da cultura de paz formada pela tríade: compaixão, não-violência e altruísmo. “Somos muito novos no Brasil. A Tibet House Brasil nasceu ano passado e temos um longo caminho pela frente. Acreditamos que a cultura tibetana é vital e valiosa não somente para o povo tibetano, mas para toda a comunidade global”.

Nesta entrevista, Phuntso nos toca profundamente com os desafios enfrentados pelo povo tibetano e a onda de refugiados por todo o mundo com sua visão de esperança nesses tempos difíceis. “Compartilhar significa fazer algo bom para os outros. Isso é inspirado pela compaixão. Ela está sempre refletida na vida individual. Eu tenho certeza que questões humanitárias e de compaixão aparecem fortemente em regiões pobres do Brasil. O senso de compartilhamento, de cuidado com seu vizinho ou a sensação de pertencimento são mais fortes ali. A grande questão nas grandes cidades é que a gente se perde, não temos tempo de refletir sobre nós mesmos. Você só olha para o seu caminho”, reflete.

Sobre a vinda de S.S Dalai Lama ao Brasil, Tsewang Phuntso, diz que é uma pergunta difícil de ser respondida. “Enfrentamos muitos desafios de levar S.S.Dalai Lama para todos os lugares do mundo. S.S. está em idade avançada e, apesar de ter uma saúde ótima, nós temos que cuidar dele e esse é um dos fatores mais importantes a serem considerados. É um verdadeiro desafio”, comenta. Confira toda a entrevista por Celina Cardoso aqui:

Bodisatva: Quais os objetivos da Tibet House no Brasil e o que podemos fazer para apoiar esse trabalho?

Tsewang Phuntso: O principal propósito da Tibet House no Brasil é compartilhar a espiritualidade e a cultura tibetana com todos os brasileiros. Incluímos a história, arte, literatura, filosofia espiritual, ecologia, e música, por exemplo. Uma coisa que temos de ter em mente é o crescente interesse das pessoas na filosofia budista, no Darma ou na religião. Há 33 anos, mais ou menos, existia um pequeno número de pessoas interessadas no budismo. Só um pequeno segmento da sociedade ia aos centros do Darma e praticavam, etc. Isso mudou visivelmente. Existe um diálogo constante entre S.S.D.L. e diversos cientistas interessados em entender como a mente e as emoções funcionam. Informações que estão disponíveis dentro da filosofia budista, por exemplo, como trabalhar a mente e as emoções. Vemos uma profusão de trabalhos e pesquisas acadêmicas neste sentido. Isso criou um novo interesse entre os acadêmicos, particularmente na América Latina, em países como Brasil, Argentina e até no México, Colômbia. Estudos que envolvem psicologia, medicina e saúde. Isso não significa necessariamente que essas pessoas são budistas. Esses cenários atendem às funções dos centros de Darma, oferecendo a oportunidade de beneficiarem o maior número possível de pessoas.

Centros de Darma, ou qualquer outra instituição, não podem exercer suas funções isoladamente. Elas são parte da sociedade. Provavelmente os problemas com os quais temos de lidar hoje em dia neste mundo tecnologicamente desenvolvido — que por um lado proporciona muito conforto e conveniência, mas por outro, nos traz muito estresse e outros problemas — impulsionam as pessoas a procurarem novos mecanismos para lidar com essas questões. Sinto que na Tibet House, ou em qualquer outro centro de Darma ou instituição, a chave é continuarmos aprendendo.

O budismo é um dos aspectos da cultura tibetana. Quais são as outras características marcantes da cultura do Tibete, além da religião? Quais as principais atividades da Tibet House para promover a cultura tibetana?

A religião tem um papel importante em qualquer cultura. O Ocidente, por exemplo, é majoritariamente cristão. Mas a cultura não é só religião, ela é um dos aspectos pelos quais podemos entender uma sociedade. No que diz respeito ao Tibet, a espiritualidade também é um dos aspectos.

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