Kunga Rinpoche fala sobre a prática de retiro e do bom coração como caminho

Da terceira geração de yogis da linhagem Drukpa, Sua Eminência Kunga Rinpoche esteve no Brasil e durante retiro em Recife (PE) conversou com a Bodisatva

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RevistaBodisatva
3 min readJun 5, 2017

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Foto: Drukpa Brasil

A experiência de ouvir o Darma em tibetano é equivalente a despertar num sonho. Ao acordar na presença de um mestre de pura alegria, experienciamos o coração aquecido por um tempo. Foi com os olhos alegres e o coração transbordando que entrevistei Sua Eminência Kunga Rinpoche. Com voz firme, ele conversou com a Bodisatva sobre a importância do encontro com um mestre genuíno, o caminho dos retiros, a prática na vida cotidiana e sobre como a iluminação é possível para todos os seres.

Treinado no Butão, Sua Eminência Kunga Rinpoche é o renascimento de um grande yogi da região de Lahaul (Garsha), nos Himalaias Indianos, que foi discípulo direto de Drubwang Shakya Shri, mestre da Linhagem Drukpa do budismo tibetano fortemente reconhecido no último século.

Conversar com o Rinpoche não foi algo comum e simples porque, afinal, quem de nós se lembra da vida intrauterina? Particularmente, não me lembro sequer os nomes de pessoas que conheci há um mês. Mas para Kunga Rinpoche, seu treinamento espiritual começou em outras vidas.

Que eu me lembre foi no útero da minha mãe, uma praticante sincera do Darma. No desenvolvimento intrauterino, me recordo de ouvir os ensinamentos e de fazer as práticas que ela fazia. Desde lá, o Darma esteve presente. Isso se revela através da predisposição positiva de outras vidas para que a espiritualidade se desenvolvesse e eu pudesse praticá-la” — fala, como poesia.

Aos 14 anos, Sua Eminência se tornou monge, permanecendo no monastério por três anos cumprindo os rituais e as práticas formais. Passado esse período, estudou filosofia em uma universidade monástica e se dedicou ao retiro tradicional de três anos, três meses e três dias. Após o retiro, o Rinpoche se dedica a oferecer os ensinamentos do Darma.

O encontro com o mestre

Foto: Drukpa Brasil

Sem a relação com um mestre espiritual é difícil estabelecermos um caminho genuinamente positivo. Algumas pessoas têm a predisposição de comprar livros sobre o Darma, ler e achar que entenderam os ensinamentos e que estão aptas a repassá-los. De fato, elas podem entender alguma coisa, mas são só palavras.

A experiência do Darma é transmitida por aqueles que acessaram os ensinamentos e realizaram a experiência. Tradicionalmente, chamamos isso de linhagem de bênçãos, que é transmitida de mestre para discípulo desde o Buda. A bênção da realização espiritual não tem como ser transmitida pelos livros, mas por mestres de realização. Os mestres autênticos são inseparáveis da manifestação do próprio Buda. Em termo de realização, não há diferença. Assim são transmitidas as bênçãos da linhagem. Isso é essencial porque sem a transmissão real e experiencial dos mestres, o Darma não gera benefícios podendo, inclusive, prejudicar.

Podemos desenvolver uma mente que conhece muitas palavras e muitas coisas e a riqueza de conhecimento teórico gera orgulho. A partir da sensação de profundo saber, quando a pessoa ensina sem que, de fato, tenha experiência, pode causar prejuízos”.

*Por Janaína Araújo | Revisão Letícia Garcia

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Agradecimentos: Lama Jigme Lhawang e Drukpa Brasil.

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