[PESQUISA] Quem são as quadrinistas no FIQ 2018?
— Essa pesquisa foi produzida e realizada por Samanta Coan.
Objetivo geral e método
Fiz uma pesquisa quantitativa, por meio de questionário, com o objetivo de conhecer o perfil das autoras no FIQ 2018.
Foram 105 quadrinistas, entre roteiristas, coloristas, desenhistas, etc, que me responderam. As autoras ocupavam pelo menos 61 mesas das 217. Tentei começar a pesquisa conforme o folder do evento, mas tive que alterar o uso dele, pois tinham erros de nomes e sequência das mesas. Foi mais seguro criar o próprio caminho para coletar as informações.
Não consegui colher 100% das artistas que estavam lá. Algumas ou não estavam no dia que fui e me desencontrei de outras.
Quem participou do questionário
- Quadrinistas que estavam com mesas no evento;
- quadrinistas que conseguiram um espaço na mesa de outras autoras
Por que esse recorte?
É um modo de compreender a cena dos quadrinhos pelo viés das produtoras (seja cis ou trans) e continuar com a promoção e a documentação dessas autoras.
O PERFIL DAS QUADRINISTAS NO FIQ 2018
Elas consideraram duas formas de responder essa questão: onde nasceram ou onde estão morando atualmente. Ambas foram consideradas válidas, a exemplo de Laura Athayde que é do Amazonas (assinalou essa), mas atualmente mora em Belo Horizonte.
É evidente o boom de produções nos últimos anos, principalmente a partir de 2014. No minicurso que ofereci no Mulheres Mundo/Fazendo Gênero (2017), enfatizo a relevância do movimento feminista como um dos pontos principais somado com a atuação e organização de coletivos, grupos de Facebook, coletâneas e de autoras que fizeram esse levante para serem vistas como produtoras no mercado de comics. Algumas das entrevistadas destacaram, quando tiveram oportunidade, os evento de 2014 e 2016 do Lady’s Comics como um ponto de partida. Sei que outras quadrinistas começaram da coletânea Zine XXX, financiada em novembro de 2013, ou da revista Inverna — fechando com a data entre 5 a 6 anos de atuação.
Os gêneros da publicação enfatiza a pluralidade e desmistifica que mulher só faz quadrinhos autobiográficos (em quarto lugar) ou de romance (quinto lugar). Os dois gêneros mais citados juntos foram Comédia/Humor e Fantasia: 15,2%.
Muito se fala sobre a importância da internet, mas há uma necessidade de ter o trabalho impresso, até porque é a forma mais fácil de pagar pela produção gratuita que já é feita online. Ainda são poucas que estão em plataformas de financiamento recorrente, ao passo que muitas saem da internet para o físico, a exemplo de Bear, de Bianca Pinheiro; Lado Bê, de Aline Lemos; e Garota Siririca, de lovelove6.
Estar na cena independente é pagar pelo próprio do bolso. Mulheres não passaram de 15,2% (editora e todas as opções são relevantes) que foram publicados por editoras.
Lançamentos 2018 em números
Foram considerados também os lançamentos anteriores e posteriores FIQ 2018. Muitas relataram que vão levar material novo na CCXP 2018 ou vão começar uma nova webcomic.
A produção coletiva auxilia no número maior de publicação das autoras ao longo do ano (48,3%). Mobiliza 27,1% autoras que não teriam publicação individual no ano para criar narrativas colaborativas. Isso evidencia a importância desse material para impulsionar novas e manter autoras nos quadrinhos.
A produção lançada apenas por editora, que antes era 15,7% ao longo da carreira das entrevistadas, agora, em 2018, vai ser 9,5%. É importante salientar que duas autoras, por exemplo, lançaram o próprio selo de quadrinhos, considerando a produção desse ano publicada por editora.
Breve consideração sobre a pesquisa
Ainda há o que cruzar com os dados obtidos para novas análises sobre o perfil dessas autoras. Se quiser usar isso, por favor, cuidado com generalizações e afirmações, pois aqui só está a pesquisa bruta.
A sequência da pesquisa
No próximo FIQ vou confirmar alguns dados em aberto:
- Se houve uma consolidação ou não de algumas autoras na área para sabermos se há um padrão de permanência nos quadrinhos.
- Há pontos a se considerar, como no Lady's Comics percebíamos com o BAMQ!, algumas podem estar na área como modo de experimentação. Ou seja, são ilustradoras que fazem um quadrinho, mas param de fazer depois. Dessa forma, elas se enquadram apenas como ilustradora.
- Podemos acompanhar a redução de quadrinistas mais antigas na área. A se confirmar e ampliar o estudo conforme as conversas com essas autoras.
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Post 3 [FIQ 2018] para a Mina de HQ.
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A pesquisa foi feita de modo independente e com recurso próprio.