Apontamentos sobre Planaltina: para além do modernismo
por Iolly Aires
As fotografias referem-se ao patrimônio histórico de Planaltina, região administrativa do DF, fundada em 1859, muito anterior à construção de Brasília.
Pouco conhecida, essa região administrativa possui casarões centenários, que cuja preservação se faz necessária.
Para além dos monumentos de Brasília, existe a região administrativa, que remonta ao ciclo do ouro. Ela mescla o antigo e o atual, em contraposição a Brasília (a 38 km de distância) modernista.
Igreja de São Sebastião (1890) — Porta: essa igreja foi construída por pessoas escravizadas.
Casa do Artesão, antiga “Casa de Câmara e Cadeia” (1932): risco de desabamento.
Cabe ressaltar que já ocorreu o desabamento de outro casarão centenário da região, conhecido como “Casarão de Dona Negrinha”; além da descaracterização de outras construções.
Casarão da rua 15 de novembro — lateral.
Estátua de Padre Cícero
A estátua remete a presença de nordestinos na construção de Brasília, os quais marcaram a cultura do Distrito Federal.
A obra estava depredada possivelmente em razão da xenofobia e o preconceito religioso. À época, o local era perigoso.
Hoje, encontra-se restaurada e o local sem entulho.
São coisas “pertencidas de abandono”, tão referidas pelo poeta Manoel de Barros:
“O abandono do lugar me abraçou de com
Força.
E atingiu meu olhar para toda a vida.
Tudo que conheci depois veio carregado
De abandono.”
Além disso, para mim, que cresci em Planaltina-DF, a atmosfera da cidade faz parte da minha personalidade de tal forma que posso afirmar:
“Eu vivo nas tuas igrejas
E sobrados
E telhados
E paredes.
[…]
Eu sou estas casas
Encostadas
Cochichando umas com as outras.
[…]
Minha vida
Meus sentidos,
Minha estética,
Todas as virações
De minha sensibilidade de mulher,
Têm, aqui, suas raízes.”
(Cora Coralina — Minha cidade)
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