Sim
Luciana Quintão de Moraes
meu corpo é uma casa por onde passa o vento
também é terreno baldio onde cresce a grama
meu corpo é um Estado desguarnecido
campo mandálico cristalizado
esta parte que o tempo apaga e uma
outra que não
é meu acompanhamento
que semantiza o dia
atrai abelhas
perde o mar
e com ele sonha
em silêncio
sonhei
que era a realidade mesma
respiração entre o ser e as coisas
o corpo no corpo
recriando milhares
tecido no tempo
rastros de sol
na fogueira do dia findo
sem falsidade
ainda, é sangue que escorre por cada po-
ro seu teu cada nosso um meu
terreno
com espinhos
ranhuras
e uma flor amarela na calçada
é o corpo
sonhando-se ali
dissolução
estreitamente
carstificada
Ficha Técnica: Imagem 2 — Autor: Phoebe Coiote Degobi — Título: Um pouquinho de tato; Fotografia digital, díptico, tamanho A4 (cada).jpg No presente momento, meu processo de criação, quanto à uma prática artística, se volta a um recorte afetivo-sensorial, que busca enxergar gestos e provocações realizadas a partir de uma aproximação com o sentido tato. O maior desafio ao realizar os trabalhos, se colocaram no gesto de relacionar a noção de desejo com uma plasticidade que aludisse à noção de tato sem um objeto físico, sem sequer uma impressão das imagens. Mas um desafio maior que esse, parece ter sido entender onde era necessário que as imagens respirassem dentro de si mesmo.