Arte e Pandemia #h20

Entre bloqueios criativos e adaptabilidade, como as artistas bauruenses estão lidando com a pandemia

Helenas
revistahelenas
4 min readJul 15, 2021

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Por Nathalia de Assis Silva

Arte: Natália Sena/Revista Helenas

A pandemia provocou muitos impactos nas vidas de muitas pessoas por todo o planeta. Isso é inegável! Atingiu os serviços de saúde, de transporte, de tecnologia, de educação e também causou impactos para a classe artística.

A revista Helenas, por meio de um questionário, perguntou para as artistas das diversas áreas culturais de Bauru e região, quais os desafios enfrentados durante este período de pandemia? Desse modo, compartilharam os obstáculos enfrentados e as soluções que encontraram para contornar essa situação.

Para Ana Maria Barbosa Machado (57), escritora e responsável por produção de eventos culturais e edição de livros coletivos (antologias literárias), a pandemia impactou suas atividades, pois, “Ficamos proibidos de organizar eventos literários de maneira presencial. Deixamos de promover saraus poéticos e lançamentos de nossas antologias.”

Os impactos na produção e veiculação cultural sofreu muitos desafios, uma vez que, grande parte das atividades é o público que mobiliza o setor, por meio de saraus, shows, peças teatrais, apresentações circenses, lançamentos literários, exibição cinematográfica, espetáculos de danças, entre outras atividades culturais que precisaram ser reinventadas durante o período de restrições e isolamento.

Com o avanço da pandemia, toda a classe artística passou por momentos de dificuldades, em maior ou menor grau, pois, apesar de muitos artistas promoverem seus trabalhos utilizando plataformas digitais, tanto para fornecer aulas, eventos remotos, apresentação em forma de lives ou gravadas, houve um impacto financeiro muito grande.

Devido ao cenário tão adverso, com falta de salário, emprego e editais de estímulo à cultura adiados, foi necessário em junho de 2020 a criação da PL 1075/2020. O projeto de Lei em questão dispõe sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas durante o estado de calamidade pública.

A respeito disso, Rosemeire dos Santos Silva (52), escritora e funcionária pública, destaca “os colegas que não têm uma outra profissão ou trabalho estão enfrentando dificuldades, está sendo um momento de reinventar e também olhar o próximo com solidariedade, digo na questão de ajudar”

Além dos fatores financeiros, o que também causou muito prejuízo para a classe artística, foi a necessidade de se adaptar com uma crise sanitária mundial, em um cenário político adverso para os movimentos artísticos e culturais, somado ao período de isolamento.

Apesar de uma mostra de maior abertura de espaços de trabalho, devido ao aumento progressivo de vacinação, não podemos deixar de ressaltar que os protocolos devem ser seguidos e muitas vezes são onerosos e se depara ainda com o enfraquecimento do setor.

Com esse cenário, muitas artistas apresentaram períodos de bloqueios criativos, momentos em que as ideias inspiradoras, que promovem a arte e a criação, não surgiram por questões emocionais diante do isolamento e pandemia. Como indica a atriz, pesquisadora e estudante de bacharelado em teatro, Jussara Vicente, que passou por alguns bloqueios criativos, principalmente no início da pandemia, pela questão do medo e afastamento da família, esses bloqueios permearam todas as esferas de sua vida.

Jussara ainda lembra que, somente ao realizar a leitura de um texto para a disciplina de Atuação Cênica, motivou-se a criar, procurar ver outras atrações artísticas no formato digital, e a compor peças que abordassem temas importantes nesse período. Memória, saudade, violência doméstica foram alguns de seus temas, além de críticas à atual situação política, promovidas por meio da sua atuação, atos de resistência e reexistência.

Outras pessoas, apesar de passarem por momentos de crise criativa, conseguiram se reinventar e vislumbrar novos horizontes para as produções culturais. Como indica Rosimeire “as produções de textos aumentaram!”, por conta do distanciamento social e maior tempo de reflexão.

Muitas lições foram e ainda podem ser retiradas a partir desse cenário pandêmico, seja transformando dor em poesia, distanciamento em cuidado e em cultura, como um respiro para dias tão difíceis. No mais, ficamos na torcida para que o futuro seja mais favorável a toda sociedade e a arte possa ser olhada com mais valorização.

Espetáculo circense “Cabe­rElas” as irmãs Cola — Thata e Tati Cola (malabaristas) –, Michelle Maria (palhaça Mixirica), Sabryna Murali (malabarista), Amanda Ma­ria (Tyssa, acrobata e palha­ça Paçoca), Clara (palhaça), Ariane Santos (musicista) e Luciana Donegá (palhaça Jirda e musicista), em Ribeirão Preto-SP

Revisão técnica e linguística por Letícia Ramalho

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