Como qualquer outra mulher #h7
A vida de uma mulher deficiente
Por Amélia Bellamy
A Fibromatosse Hialiana Juvenil (FHJ) “é caracterizada por lesões papulonodulares na pele (face e crânio), hiperplasia gengival, contraturas articulares progressivas, retardo no crescimento, lesões osteolíticas e deposição de hialina amorfa na derme”, de acordo com a Revista de Odontologia da Unesp.
É essa condição que Caroline Botelho, uma bauruense de 26 anos, possui. As limitações físicas da coach de saúde e bem-estar impulsionaram ainda mais o amor e cuidado de sua mãe, Roseli Botelho, 50, essencial para enfrentar os preconceitos, principalmente dentro da escola. Lá, foi vítima de bullying dos colegas de classe e da própria diretora da instituição:
“Não tinha quem me ajudasse a ir ao banheiro e minha mãe teve que ir na TV denunciar”, relata Caroline.
Sua mãe, Roseli, além de ter feito uma denúncia pública à uma emissora de TV , entrou com um processo judicial contra a escola, que não possuía cuidador para atender as necessidades de Caroline quando estava no final do sétimo ano e início do oitavo.
Hoje, carregando lembranças infelizes de preconceito e discriminação, Caroline se vê como qualquer outra mulher:
“Todo preconceito é algo superável. Não ligo, provo que estão errados.
Adoro ver filmes e séries, TV, internet, ouvir música, mexer no computador, inclusive trabalhar nele, e também sair onde tenha natureza”.
Apesar disso, confessa que a sua maior dificuldade é se relacionar amorosamente:
“Os homens me veem basicamente como um fetiche, imaginando como seria ter relações sexuais com uma deficiente…”.
Caroline pontua que é muito feliz com o que faz. Ela sente que no trabalho:
“Posso retribuir um pouquinho da ajuda que recebo no dia a dia, pois me sinto uma pessoa de muita sorte, sempre sou ajudada quando preciso, seja pela família, amigos ou até por pessoas que não conheço”.
Amélia Bellamy é pedagoga, poetisa, mulher negra e umbandista.